XIX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

PARTIÇÃO ESPACIAL DE NICHO POR TRÊS ESPÉCIES DE PRIMATAS AMAZÔNICOS EM UM FRAGMENTO FLORESTAL URBANO

Resumo

À semelhança da agricultura, conhecida por trazer impactos à biodiversidade e aos primatas não-humanos, a crescente urbanização merece atenção em políticas de conservação. Diferenças morfológicas e comportamentais possibilitam o particionamento de nicho entre espécies, permitindo sua coexistência em um mesmo hábitat. A partição de nicho espacial vertical está associada à disponibilidade de alimentos, estrutura da vegetação e às características das espécies arborícolas. Neste estudo, foram monitorados dois sub-grupos de macacos-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus), um grupo de macacos-prego (Sapajus apella) e dois grupos de sauás (Plecturocebus vieirai) em área circundada por perímetro urbano, no Paque Natural Municipal Florestal em Sinop (MT) (40 ha). Por meio de varreduras, com intervalo de 15 minutos, foram registrados comportamentos alimentares, altura dos indivíduos nas árvores com rangefinder, e a localização do centro do grupo com GPS. Foram avaliadas a sobreposição entre as áreas de uso, as frequências de uso do estrato vertical da floresta, além da dieta dos primatas sintópicos. Macacos-aranha e macacos-prego foram mais avistados em áreas mais sobrepostas próximos a área de visitação do parque, sauás foram mais avistados em área distante da visitação, após o lago que atravessa o parque. Macacos-aranha frequentemente fizeram uso de estratos mais elevados da floresta (≥10m, máximo 30 m). Macacos-prego e sauás utilizaram o solo com maior frequência; enquanto os primeiros usaram com maior frequência estratos de alturas iguais ou inferiores a 5 metros, sauás usaram com maior frequência o estrato intermediário, entre 5 e 10 metros. Macacos-aranha tiveram maior tendência à frugivoria, macacos-prego apresentaram dieta mais onívora e sauás consumiram predominantemente frutos e artrópodes. Macacos-aranha e macacos-prego foram as espécies que consumiram frutos ofertados por visitantes, demonstrando maior plasticidade comportamental. As diferenças comportamentais entre as três espécies facilitam a coexistência e sua relativa plasticidade adaptativa é importante para a persistência de grupos em áreas urbanas.

Financiadores

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

Palavras-chave

Macacos; comportamento; urbanização

Área

Área 1 – Ecologia

Autores

Rael Tarsso Vieira da Silva, Júlia Moraes Vieira, Pedro Henrique Duarte Sandmann, Bruna Vivian Miguel, Samuel Murilo Pagani de Oliveira, Josué Malmann, Mariana Giello Alves, Larissa Vasconcelos Ferrato Lopes, Gustavo Rodrigues Canale


{{res.msg}}