X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

QUANTAS ESPECIES POR ESTAÇAO DO TREM? MORCEGOS EM GALERIA FERREA NA AMAZONIA MARANHENSE

Resumo

A Ordem Chiroptera apresenta importância na dinâmica dos ecossistemas, sendo o grupo de mamíferos com maior diversidade de hábitos de vida. A maioria das espécies de morcegos que existe no Brasil são de frugívoros e insetívoros, as quais predam com muita eficiência pragas agrícolas e contribuem na dispersão de sementes e regeneração de florestas. A existência de áreas antropogênicas, como galerias ao longo de ferrovias, propicia abrigos artificiais para morcegos e outros animais, contribuindo para a permanência dos seus serviços ecossistêmicos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso do espaço criado por uma galeria férrea por espécies de morcegos no município maranhense de Governador Edison Lobão (5°40'05.2"S, 47°27'00.9"W). O tipo de vegetação predominante é buritizal, apresentando um riacho ao longo dos 80 m de extensão da galeria. As capturas mensais foram realizadas de maio de 2018 a abril de 2019, utilizando-se redes de neblina das 18h às 21h, após o bloqueio de um dos lados da galeria com lona plástica. Em média, capturamos 77,5 (+ 6,3) morcegos por noite de captura, com um total de 930 indivíduos pertencentes a sete espécies: Carollia perspicillata (733 indivíduos), Macrophyllum macrophyllum (7), Pteronotus gymnonotus (12), P. personatus (2), P. rubiginosus (174), Rhychonycteris naso (1) e Trachops cirrhosus (1). Ressalta-se os dois novos registros de espécies para o Estado do Maranhão, das espécies P. gymnonotus e M. macrophyllum. A espécie C. perspicillata foi a mais abundante na galeria, representando mais de 90% dos indivíduos de setembro a dezembro de 2018. Quanto ao estado reprodutivo, encontramos fêmeas grávidas de C. perspicillata no início do período de maior floração (julho/agosto) e no início do período chuvoso (dezembro), havendo maior proporção de fêmeas com filhote em agosto. P. rubignosus foi a única espécie com maior frequência que C. perspicillata em um dos meses amostrados, representando 75% dos espécimes no mês de abril de 2019. Os morcegos do gênero Pteronotus na região amazônica tiveram revisão taxonômica recente, necessitando a comparação dos espécimes coletados com indivíduos da espécie recém-descrita para a Amazônia (P. alitonus). Após um episódio de queimada de grande extensão no entorno da galeria férrea em setembro de 2018, houve redução na abundância de Pteronotus até o início do período chuvoso em 2019. O registro de apenas quatro fêmeas grávidas de P. rubiginosus em agosto sugere que estes indivíduos não devem utilizar este abrigo como principal sítio reprodutivo. Por outro lado, a existência de cavidades naturais nas áreas próximas à linha férrea sugere que estes abrigos artificiais podem ser utilizados por estas espécies durante o período chuvoso, devido a maior disponibilidade de insetos próximo ao riacho da galeria. O encontro de sete espécies de morcegos em uma única galeria sugere que realização deste tipo de estudo deve ser priorizada ao longo das ferrovias existentes. Assim, será possível diagnosticar as espécies que podem se beneficiar deste tipo de abrigo nas áreas mais degradadas.

Palavras-chave

Chiroptera, abrigo artificial, reprodução

Financiamento

Área

Ecologia

Autores

Jefferson da Silva Cavalcante, Wesley Silva de Almeida, Henrique Morais Menezes, Aline Damacena dos Santos, Ciro Líbio Caldas dos Santos