Dados do Trabalho
TÍTULO
CARACTERIZAÇAO DA COMUNIDADE DE PEQUENOS MAMIFEROS NAO-VOADORES EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLANTICA AO LONGO DE 27 ANOS
Resumo
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade e também um dos mais ameaçados do planeta. Devido ao alto grau de endemismo das espécies, esse bioma vem sendo objeto de estudo de diversos trabalhos sobre fauna e flora. A escassez de estudos à longo prazo nos trabalhos de levantamento de fauna se deve à complexidade logística e financeira. Pequenos mamíferos não-voadores (PMNV) apresentam alta taxa reprodutiva e ciclo de vida curto, e por isso, proporcionam respostas ambientais mais rápidas quando comparados a outros grupos de mamíferos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a composição de PMNV da Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental, Mata do Paraíso (EPTEA Mata do Paraíso) ao longo de 27 anos, a fim de conhecer a dinâmica deste fragmento de Mata Atlântica. A EPTEA Mata do Paraíso possui 194 hectares e pertence a Universidade Federal de Viçosa, no município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. O fragmento apresenta três áreas com tempos de regeneração distintos, e que devido a processos de sucessão ecológica tem aumentado gradativamente suas complexidades estruturais. Essas áreas são intituladas atualmente como Capoeira Inicial (CI), Capoeira Avançada (CA) e Mata Secundária (MT). Nos sete levantamentos de PMNV realizados entre 1992 e 2018, foram utilizadas armadilhas do tipo Sherman, Gancho e pitfall dispostas em pelo menos uma das áreas. Totalizando um esforço amostral de 25.996 armadilhas-noite, foram registradas para a ordem Rodentia 19 espécies, sendo 16 da família Cricetidae, duas da Echimyidae e uma da Muridae. Dentro dos cricetídeos foram detectadas sete espécies da tribo Akodontini (Akodon cursor, Bibimys labiosus, Blarinomys breviceps, Necromys lasiurus, Oxymycterus dasytrichus, Oxymycterus rufus e Thaptomys nigrita), cinco da Oryzomyini (Cerradomys subflavus, Oligoryzomys nigripes, Oligoryzomys flavescens, Nectomys squamipes, Holochilus brasiliensis), duas da Thomasomyini (Rhagomys rufescens e Rhipidomys tribei), uma da Phillotini (Calomys sp.), e uma da Wiedomyini (Juliomys pictipes). As duas espécies de equimídeos amostradas foram da subfamília Echimyinae (Phyllomys sp.) e da Eumysopinae (Euryzygomatomys spinosus). Além disso, houve registro de uma espécie exótica da subfamília Murinae (Rattus norvegicus). Na ordem Didelphimorphia foram amostradas seis espécies sendo, cinco da subfamília Didelphinae com duas espécies na tribo Didelphini (Didelphis aurita e Philander quica), três na Monodelphini (Gracilinanus microtarsus, Marmosops incanus e Monodelphis americana); e uma na subfamília Caluromyinae (Calouromys philander). Assim, apesar de ser um fragmento relativamente pequeno, a EPTEA Mata do Paraíso abriga uma riqueza de espécies relevante, quando comparada com estudos similares realizados em áreas consideravelmente maiores. Além disso, a fauna de PMNV possui representantes de espécies endêmicas da Mata Atlântica, o que pode ser resultado do aumento da heterogeneidade estrutural da mata, e da conectividade prévia com outros fragmentos maiores como o Parque Estadual Serra do Brigadeiro. A manutenção dessas populações de PMNV também pode estar associada com uma população menos abundante de predadores, que necessitam de uma área de vida maior utilizando o fragmento eventualmente. Dessa forma, concluímos que a manutenção desta unidade de conservação é extremamente importante para a conservação da Mata Atlântica de Minas Gerais. .
Palavras-chave
Rodentia, Didelphimorphia, Conservação, Fragmentação, Zona da Mata
Financiamento
CNPq
Área
Biologia da Conservação
Autores
Adrielli Ribeiro Araújo, Ygor Bibiano de Souza Moura, Sarah Fontes Reis, Pollyanna Alves Barros, Bianca de Souza Araújo Adão, Flávio Augusto da Silva Coelho, Fernanda de Morais Cortes, José Henrique Schoereder, Gisele Mendes Lessa