X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PADROES DE ATIVIDADE DE SACCOPTERYX LEPTURA E PEROPTERYX MACROTIS (CHIROPTERA: EMBALLONURIDAE) EM UM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICIPIO DE JOAO PESSOA-PB

Resumo

Estudos sobre os padrões de atividade de morcegos neotropicais geralmente utilizavam frequência de captura em redes-de-neblina ao longo da noite. Entretanto, já é senso comum que tal abordagem privilegia espécies da família Phyllostomidae em detrimento das outras, que tem um sistema de ecolocalização que detecta as redes com mais facilidade. Neste estudo, utilizando detectores de ultrassom como método amostral, avaliamos, preliminarmente, os padrões de atividade de duas espécies de morcegos insetívoros da família Emballonuridae, Saccopteryx leptura e Peropteryx macrotis, em um fragmento urbano de Mata Atlântica no município de João Pessoa-PB. As amostragens dos morcegos foram realizadas entre os meses de fevereiro e abril de 2019, durante seis (06) noites completas. Foram instalados gravadores de ultrassom de duas marcas (SM4BAT e AUDIOMOTH), tanto em áreas de borda quanto em clareiras no interior (40 m da borda), ficando ativos durante o período de 12 horas (17:30 às 5:30), num fragmento florestal localizado no Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba. Antes do processo de triagem, os arquivos de áudio foram filtrados no programa Kaleidoscope e cotados em faixas de 15 segundos, sendo a presença de pulsos de uma espécie, em cada faixa, contada como uma passagem. Foram analisados 1129 arquivos de áudio, utilizando o Software Raven 1.5. A atividade foi medida pela distribuição proporcional de passagens em cada hora. Foram registradas um total de 205 passagens de S. leptura e 192 passagens de P. macrotis. Para S. leptura, observamos um maior pico de atividade (79%) três primeiras horas, sendo primeira hora ainda com luz do dia. Das 21:00h até as 02:00h há uma clara inatividade, com menos de 2% dos registros, com retorno parcial da atividade nas últimas três horas da noite. Já para P. macrotis foi observado um padrão semelhante, com concentração da atividade nas primeiras quatros horas (62,7%), porém com uma distribuição homogeneamente baixa pelo restante da noite. Uma outra observação bastante interessante, que precisa ser corroborada com o aumento da amostragem, é que em apenas duas oportunidades houve sobreposição de pulsos das duas espécies na mesma faixa de áudio, o que leva a hipótese de que P. macrotis e S. leptura evitam ocupar o mesmo espaço/tempo para forragear. Esses resultados detalham um possível padrão de atividade de morcegos Emballonuridae, com destaque para o fato de que S. leptura usa a última faixa de luz do dia (60 a 90 min) para forragear. Isto pode estar correlacionado a estratégia de forrageio ligadas a variação da disponibilidade e abundância de presas preferenciais. Utilizando bioacústica conseguimos obter novas informações acerca dos padrões de atividade de emballonurideos, denotando a importância da difusão deste tipo de metodologia no conhecimento acerca dos padrões comportamentais, biológicos e ecológicos dos morcegos insetívoros

Palavras-chave

Chiroptera; Bioacústica; Mata atlântica; Emballonuridae 

Área

Ecologia

Autores

Jeanneson Sales, Wanderley Soares, Patrício Adriano Rocha