X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PAPEL DE UM AGROECOSSISTEMA NA CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS MÉDIOS E GRANDES AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO CERRADO

Resumo

No Brasil, cerca de 35 % de seu território é coberto por agroecossistemas ou paisagens agrícolas, vastas áreas de vegetação nativa que foram suprimidas e cultivadas ao longo dos anos, trazendo impactos principalmente ao bioma Cerrado. O Cerrado é considerado um “hots spot”, área com grande prioridade de conservação devido ao seu alto grau de diversidade e endemismo, assim como pela rapidez que vem sendo devastado. Um dos objetivos principais dessa pesquisa foi conhecer a composição da comunidade, identificar espécies ameaçadas de extinção e propor estratégias de conservação para os mamíferos de médio e grande porte do agroecossistema.  O estudo foi realizado na Fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Perdizes, estado de Minas Gerais, Brasil (X: 280035.95 e Y: 7859179.60, UTM 23 S, DATUM SIRGAS 2000), durante os meses de setembro e novembro de 2018. A fazenda possui uma área total de 5.294,83 hectares ocupada principalmente por cafeicultura, mas possuindo também 2.271 hectares de vegetação nativa, compostos pelas fitofisionomias de Campo Cerrado, Cerrado, Floresta Estacional Semidecidual Montana e Matas Ciliares. A área de estudo está localizada próxima à RPPN Galheiros “área de alta prioridade para conservação de mamíferos” segundo o programa de Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (IDE-Sisema). Foram utilizados os métodos de armadilhamento fotográfico, busca ativa e entrevistas para levantar a composição da comunidade, estimar a riqueza e identificar espécies ameaçadas de extinção. Foram registradas nove espécies com status vulnerável ou em perigo de extinção, seguindo a escala estadual (COPAM-MG), nacional (ICMBIO) e mundial (IUCN). Entre as espécies estão: cateto (Pecari tajacu), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus),  onça-parda (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e  tatu-canastra (Priodontes maximus). No Cerrado, são descritas 251 espécies de mamíferos, sendo que 19 se encontram ameaçadas de extinção, segundo a última lista anotada de mamíferos publicada em 2012, indicando que na área de estudo ocorre aproximadamente 48 % das espécies de mamíferos ameaçados do bioma. Esses mamíferos são de grande relevância, sendo que em termos conservacionistas podem ser considerados como “espécies-chave”, indicadoras e bandeira. É um grupo que possui alta mobilidade e desempenha importantes funções ecológicas como a dispersão de sementes, frugívoria e predação, contribuindo para a restauração da vegetação e controle das populações, inclusive em ambientes degradados. Assim, conhecer a riqueza e diversidade de espécies em agroecossistemas e identificar espécies ameaçadas, é fundamental para estabelecer estratégias de conservação para fauna local e regional, propondo a elaboração de programas de educação ambiental, monitoramento, restauração da paisagem e definição de áreas prioritárias para conservação, preenchendo lacunas importantes sobre a adaptação e uso de habitat do grupo nesse tipo de ecossistema. 

Palavras-chave

Paisagens agrícolas. Estratégias de Conservação. Minas Gerais.

Financiamento

Área

Biologia da Conservação

Autores

Leonardo Rodrigues, Bruno Senna Corrêa, Ludimilla Portela Zambaldi Lima Suzuki