X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ASSEMBLÉIA DE MAMÍFEROS DOS ECOSSISTEMAS ADJACENTES A APA DO IBIRAPUITÃ, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Resumo

<p>Os campos sulinos, ecossitemas campestres da região sul do Brasil, abrigam grande diversidade de mamíferos, sendo que 16 espécies ocorrem exclusivamente no bioma Pampa e 72 na Mata Atlântica. Por apresentarem um papel importante nos ecossistemas a mastofauna reflete a conservação dos mesmos, sendo assim, a utilização dos recursos naturais de forma sustentável passa pelo conhecimento da estruturação de suas comunidades. Os levantamentos de longo prazo, necessários para o licenciamento ambiental de empreendimentos, reúnem grande quantidade de informações dos ambientes, dados estes que podem ser usados para o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação das espécies, além de auxiliar na identificação de áreas potenciais para novas reservas. A APA do Ibirapuitã, área de proteção ambiental no entorno da região de estudo é a única unidade de conservação representante dos campos sulinos no bioma Pampa no Brasil, ocupando aproximadamente 316.792,02 ha. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi contribuir no conhecimento sobre a mastofauna da região próxima da APA do Ibirapuitã, área de fronteira com o Uruguai. Os registros foram realizados durante o monitoramento ambiental em um empreendimento localizado próximo da APA do Ibirapuitã, no município de Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, Brasil, entre setembro de 2016 e junho de 2019. Foram realizadas buscas ativas por evidências diretas, como registros visuais, auditivos e carcaças, e indiretas, como rastros, material escatológico, pelos e tocas; instalação de quatro armadilhas fotográficas durante 4 noites mensais; busca por animais atropelados, ao longo das vias não pavimentadas e na BR 293; captura de pequenos mamíferos não-voadores, através de armadilhas do tipo Sherman, totalizando um esforço de 4000 armadilhas-dia; redes de neblina, totalizando 108m2/hora dispostas durante 4 horas por quatro noites mensais e busca por potenciais abrigos de quirópteros, como casas abandonadas e ocos de árvores. Registramos a ocorrência de 50 espécies de mamíferos, distribuidas em 13 famílias, das ordens Chiroptera (36%), Rodentia (30%), Carnivora (18%), Cingulata (6%), Artiodactyla (4%), Didelphimorphia (2%), Pilosa (2%) e Lagomorpha (2%), sendo que 16% das espécies estão presentes em uma das três listas vermelhas de espécies ameaçadas no âmbito estadual, nacional e mundial. Destas<em> Leopardus geoffroyi</em> está presente na categoria de vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção do estado e do país, além do registro de seis espécies consideradas raras no RS. O <em>Tamandua tetradactyla</em>, espécie vulnerável no estado foi registrada apenas através dos registros de atropelamentos na BR 293. Registramos também duas espécies alóctones, o javali (<em>Sus scrofa</em>) e a lebre (<em>Lepus europaeus</em>). Além disso, observamos a presença de <em>Canis lupus familiaris</em>, espécie considerada invasora, que consegue sobreviver independente da assistência humana e que pode afetar a fauna nativa através da predação, competição, perturbação e transmissão de doenças. Os registros obtidos neste estudo demonstram a importância da divulgação dos resultados de monitoramentos ambientais, pois estes permitem o conhecimento da diversidade dos ecossistemas e a distribuição das espécies, além de fornecer subsídios para outros trabalhos de licenciamento e embasar propostas de conservação das espécies e para a criação de novas unidades de conservação.</p>

Palavras-chave

<p>Licenciamento, Campos sulinos, Mastofauna,&nbsp;Unidade de conservação</p>

Financiamento

Área

Inventário de Espécies

Autores

Jéssica Bandeira Pereira, Izidoro Sarmento do Amaral, Aurelea Mader