X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

DINAMICA DE DISTRIBUIÇAO ESPACIAL E TEMPORAL DA ONÇA-PINTADA (PANTHERA ONCA) NO PARQUE NACIONAL DAS EMAS

Resumo

A onça-pintada é uma espécie ameaçada de extinção no Brasil e em toda sua área de distribuição.  Por esse motivo, entender como indivíduos dessa espécie se distribuem em seus habitats é fundamental para conhecer parâmetros ecológicos básicos que possam embasar estratégias para a sua conservação. O objetivo desse estudo foi avaliar a dinâmica na distribuição de áreas de uso no espaço e no tempo por onças-pintadas do Parque Nacional das Emas (PNE). Para alcançar esse objetivo foi utilizado o banco de dados do Instituto Onça-Pintada. Os registros de onças-pintadas, obtidos por armadilhas fotográficas, no Parque Nacional das Emas no período de 2008 a 2017 foram analisados. As onças-pintadas registradas foram individualizadas e, quando possível, caracterizadas quanto ao sexo. Por meio de comparação das pintas dos indivíduos foi verificado o número de onças registradas e se as mesmas reapareciam em amostragens consecutivas. Aqui, focou-se em analisar os pontos de registro dos indivíduos com mais de três localizações e de preferência em mais de um ano de amostragem para estimativa de suas áreas de vida. A partir da localização dos registros foi avaliada a área de uso anual de cada indivíduo e, posteriormente, essas áreas foram somadas para se ter uma estimativa total de área de uso. A área de uso foi calculada com base no mínimo polígono convexo, estimado por meio do sofware ArcGis. Foram identificadas um total de 10 fêmeas (F) e 16 machos (M), desses 12 foram utilizados para a análise da área de vida (4 fêmeas e 8 machos). Obteve-se que a área média das 4 fêmeas foi de 140,34 km², a área utilizada variou de 9,21 km2 a 208,46 km2. Entretanto, no ano de 2016 não foi registrado nenhuma fêmea. Em 2008, 5 machos apresentaram uma área média de 187,95 km², a menor área foi de 19,69 km2 e a maior 314,34 km2. Três machos no ano de 2010 apresentaram uma área de vida média de 354 km2, variou de 53,12 km2 a 660,03 km2. Em 2013, a área média de 4 machos foi de 259,55 km2, a menor área foi de 62,18 km2 e a maior foi de 445,78 km2. No ano de 2016 apenas 2 machos foram registrados, a área média desses indivíduos foi de 154,92 km2, variou de 127,95 km2 a 181,89 km2. Dois machos foram registrados em três anos consecutivos. Entretanto, todas as fêmeas identificadas foram registradas em único ano. Os machos apresentaram um uso maior da área, como já registrado na literatura. Existe uma divisão do espaço entre machos, assim esses indivíduos mudam sua localização nos diferentes anos a fim reduzir a sobreposição de território com outros machos, com isso esses machos englobam o território de mais de uma fêmea. Muitos estudos utilizando armadilhas fotográficas encontraram mais machos do que fêmeas. Como estratégia para redução de sobreposição da área de uso, os machos adotam uma dinâmica espaço-temporal. Assim, os dados apresentados aqui representam um passo importante para o melhor entendimento da ecologia das onças-pintadas em uma unidade de conservação do Cerrado.

Palavras-chave

Jaguar; Área de Uso; Câmera trap; Cerrado; Área Protegida; Conservação

Financiamento

Área

Ecologia

Autores

Daiana Jeronimo Polli, Giselle Bastos Alves, Natália Mundim Torres, Anah Tereza de Almeida Jácomo, Leandro Silveira