X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

DIETA DO TAMANDUA-BANDEIRA (MYRMECOPHAGA TRIDACTYLA LINNAEUS, 1758) NO CERRADO PAULISTA: DESCRIÇAO ALIMENTAR E CRIAÇAO DE UM PROTOCOLO DE ANALISE

Resumo

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) distribui-se em uma grande variedade de habitats eestá presente em todos os biomas brasileiros, entretanto, mesmo sendo considerada uma espécie carismática e ser objeto de estudo em diversas pesquisas, sua dieta é pouco conhecida. A espécie é especialista alimentar e as principais fontes alimentares são cupins e formigas. A análise da dieta dessa espécie é um desafio já que, em função do grande volume de fezes produzido pelo animal, é inviável realizar o processamento da amostra inteira. Para minimizar esse problema,  apenas parte da amostra fecal pode ser analisada, porém é necessário estimar qual o volume de fezes deve ser avaliado sem que haja perda de informações. Dessa forma, os objetivos do estudo foram (1) descrever a dieta e estimar a riqueza de itens consumidos pelo tamanduá e (2) avaliar a viabilidade do protocolo por meio da análise de uma pequena parte da amostra fecal. Foram coletadas vinte e três amostras de fezes e quatro conteúdos estomacais de tamanduá-bandeira na Estação Ecológica de Santa Bárbara/SP, as fezes foram lavadas sob peneira de malha fina e secas em estufa a 60ºC. Dez subamostras de 2g cada (cerca de 10% da amostra fecal) foram analisadas, e os itens alimentares foram identificados por especialistas. Os dados foram analisados em relação a frequência de ocorrência (frequência de um determinado item  em relação ao total de fezes) e a porcentagem de ocorrência (porcentagem de um determinado item em relação ao total de itens consumidos). A riqueza foi estimada por meio do estimador não-paramétrico Chao2 utilizando o software EstimateS®. Foram identificados 20 itens alimentares, 17 formigas: Solenopsis sp., Acromyrmex sp., Camponotus sp., Neoponera sp., Pheidole sp., Anochetus sp., Crematogaster sp., Labidus sp., Ectatomma sp., Pseudomyrmex sp., Atta sp., Cephalotes sp., Gnamptogenys sp., Odontomachus sp., Eciton sp., Neivamyrmex sp. e Pachycondyla sp. e,  cupins da família Nasutitermtinae (Velocitermes sp. e Nasutitermes sp.) e do gênero Rhynchotermes sp. Os itens mais frequentes nas amostras foram: Acromyrmex sp. e Camponotus sp., que apresentaram frequências de  100% e 96%, respectivamente. Essas espécies também apresentaram a maior porcentagem de ocorrência nas fezes, Acromyrmex sp. (9,4%) e Camponotus sp. (9%). A maior ocorrência de formigas também foi relatada outros estudos, e em apenas dois os cupins foram mais importantes. Essas diferenças podem estar relacionadas à disponibilidade e vulnerabilidade dos recursos. Utilizando as curvas de rarefação produzidas com as subamostras, houve uma tendência à assíntota. A riqueza observada foi de 20 itens alimentares e a riqueza estimada  variou de 10,65 ± (0) a 24,66 ± (4,39). A maior parte das espécies registradas também foi encontrada em outros estudos, entretanto, Neoponera sp., Pseudomyrmex sp. e Cephalotes sp. foram exclusivas do presente trabalho. Outros trabalhos também consideraram Camponotus sp. como um item importante na dieta do tamanduá. A curva de rarefação da riqueza estimada indicou a suficiência amostral, demonstrando que o protocolo desenvolvido nesse trabalho é confiável e pode ser empregado em estudos futuros de dieta do tamanduá-bandeira.


Palavras-chave

análise de fezes, frequência de ocorrência, protocolo de análise, riqueza, mirmecofagia.


Financiamento

FAPESP 2013/18526-9 e 2016/22289-0 (Bolsa IC)


Área

Ecologia

Autores

Daiana Jeronimo Polli, Weslly rsmfeitosa@gmail.com Franco, Rodrigo Feitosa, MAURÍCIO MARTINS DA ROCHA, Rita de Cassia Bianchi