X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

AS CORES DA MASTOFAUNA SUL-AMERICANA: PADROES BIOGEOGRAFICOS, ECOLOGICOS E GENETICOS DE FENOTIPOS POLIMORFICOS

Resumo

<p>A conservação da biodiversidade deve incluir variações polimórficas potencialmente relevantes para a ecologia evolutiva das espécies, especialmente no que tange à adaptação a determinadas características ambientais. Fenótipos polimórficos são comuns em diversos grupos de mamíferos no mundo todo, podendo apresentar relevância adaptativa em determinadas condições ecológicas e em diferentes habitats. Diversos casos de fenótipos polimórficos geneticamente controlados como o melanismo, leucismo, albinismo e piebaldismo/hipopigmentação ainda não foram mapeados de forma sistemática em populações naturais, apesar de recorrentes em mamíferos neotropicais. Alguns grupos de mamíferos já possuem casos pontuais descritos para polimorfismos de coloração, especialmente os carnívoros e os quirópteros. O presente estudo investigou de forma sistemática a distribuição espacial de fenótipos polimórficos em diversas espécies de mamíferos da América do Sul, objetivando identificar sua presença em diferentes biomas, a sua atual representação em áreas protegidas e aspectos biológicos relacionados com a atuação da seleção natural sob diferentes características ambientais. Os dados foram obtidos através de amostragens em campo, levantamos bibliográficos e registros pontuais em bases de dados públicas. Esses registros geográficos de cada tipo de fenótipo de coloração foram inseridos em mapas dos distintos biomas da América do Sul e os padrões geográficos encontrados foram analisados de acordo com as características de herança genética de cada cor. Foram encontrados fenótipos polimórficos em mais de 40 espécies de mamíferos da América do Sul, representantes das ordens Carnivora, Perissodactyla, Artiodactyla, Pilosa, Chiroptera, Rodentia, Marsupialia, Cetacea e Primates. Os registros foram mais comuns em carnívoros (16 espécies), apresentando diversas espécies com registros de melanismo e leucismo, e quirópteros (17 espécies), com diversos registros especialmente de albinismo e piebaldismo. Esses registros foram coletados em conformações de habitats específicas, indicando que a presença de fenótipos polimórficos é influenciada pela ação da seleção natural sobre padrões de coloração geneticamente controlados. Especialmente os casos de melanismo que apresentam herança dominante, os animais escuros possuem alta frequência em populações naturais (casos da onça-pintada <em>Panthera onca</em>, gato-mourisco <em>Herpailurus yagouaroundi </em>e gato-do-mato-grande <em>Leopardus geoffroyi</em>). Já a maioria dos casos de melanismo, e os demais casos de leucismo, albinismo e piebaldismo, de presumida herança recessiva, são raros, pontuais e de baixíssima frequência na natureza. Hipóteses clássicas de associação das cores de animais endotérmicos com conformações de habitat (tal como a conhecida ‘Regra de Gloger’) são perfeitamente aplicáveis para fenótipos polimórficos em mamíferos sul-americanos. Além disso, a maioria dos animais com polimorfismos de coloração foi obtida em áreas protegidas, evidenciando a importância dessas áreas para a manutenção das características raras de coloração em populações naturais. O estudo caracteriza-se por ser o primeiro mapeamento biogeográfico conjunto de fenótipos polimórficos em diversas espécies de mamíferos, e representa um avanço importante na pesquisa e na conservação de colorações icônicas da fauna.</p>

Palavras-chave

<p>coloração, polimorfismo, seleção natural, herança genética, habitats</p>

Financiamento

<p>Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq</p>

<p>Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE</p>

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Lucas Gonçalves da Silva, Martín Alejandro Montes