X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MONITORAMENTO DE MORCEGOS EM UMA PLANTA EÓLICO NO SEMIÁRIDO BAIANO

Resumo

O semiárido é formado por uma área contígua, que em boa parte se sobrepõe ao bioma Caatinga, caracterizada pelo balanço hídrico negativo, resultante de precipitações irregulares. Esta região apresenta elevada biodiversidade, além de um grande potencial eólico, concentrado principalmente ao longo da margem direita do Rio São Francisco, da Serra do Espinhaço até Juazeiro. Este trabalho pretende analisar os resultados obtidos no monitoramento de morcegos, realizado em um complexo eólico localizado em Campo Formoso, Bahia. Os morcegos foram amostrados em quatro campanhas de monitoramento, duas realizadas na fase de instalação, no ano de 2017 e duas na fase de operação, no ano de 2018. As amostragens foram realizadas com redes-de-neblina, em 14 pontos, cada ponto foi subdividido em três subpontos, distantes no mínimo 50 metros entre si. Em cada subponto foram armadas duas redes de 12x2,5 m, ao nível do solo, que permaneceram abertas por cinco horas consecutivas a partir do pôr do sol, em cada campanha. O esforço amostral foi 50.400 m².h. Foram amostrados 98 indivíduos, pertencentes a 14 espécies, distribuídas em três famílias, Phyllostomidae (S=9; N=89), Vespertilionidae (S=4; N=7) e Natalidae (S=1; N=2). Na fase de instalação foram registrados 36 indivíduos, enquanto que na de operação 62 indivíduos, em ambas as fases foram listadas 10 espécies e três famílias. A espécie mais abundante foi Lonchophylla cf. inexpectata (N=40), seguida por Desmodus rotundus (N=16) e Lionycteris cf. spurrelli (N=14). Na fase de instalação as espécies mais abundantes foram D. rotundus (N=13), seguida por Glossophaga soricina (N=7) e L. cf. inexpectata (N=6), enquanto que, na fase de operação foram L. cf. inexpectata (N=34), seguida por L. cf. spurrelli (N=14) e G. soricina (N=4). A maioria das espécies registradas são nectarívoras (S=6) e insetívoras (S=5). A diversidade geral observada foi de H’ 1,87, já na fase de instalação foi de H’ 1,85, e na de operação foi de H’ 1,43. As espécies Natalus macrourus e Xeronycteris vieirai, se encontram na categoria vulnerável (VU) da Portaria MMA 444/14, já Lonchophylla cf. bokermanni, está na categoria em perigo (EN) da lista da IUCN. A riqueza registrada está próximo ao esperado para áreas de Caatinga e Cerrado, que normalmente reportam entre 15 e 25 espécies. A diferença na composição de espécies observadas nas fases de instalação e operação é esperada em estudos de curta duração, que não abrangem toda diversidade local. A predominância de morcegos nectarívoros leva a crer que estas espécies complementam sua dieta com outros recursos, uma vez que os ambientes xéricos da Caatinga não apresentam grande disponibilidade de flores, principalmente na estiagem. A diversidade observada foi baixa, refletindo a dominância de algumas espécies. A presença de espécies que constam como ameaçadas em listas nacional e internacional, reforça a importância de monitoramento da comunidade de morcegos em parques eólicos, devendo os dados obtidos nestes monitoramentos serem cruzados com as informações de colisões, a fim de compreender quais espécies estão mais suscetíveis em dada localidade, permitindo que sejam traçadas estratégias especificas de proteção da quiropterofauna, sempre que necessárias.

Palavras-chave

Chiroptera, Parque Eólico, Caatinga

Financiamento

Faunalítica – Monitoramento Ambiental

Área

Ecologia

Autores

Valdinei Cristi Koppe, Samuel Elias da Silva