Dados do Trabalho
TÍTULO
NOVO REGISTRO DE LONCHORHINA AURITA (CHIROPTERA, MAMMALIA) PARA MINAS GERAIS, BRASIL: PREENCHENDO LACUNAS SOBRE UMA ESPECIE DEFICIENTE EM DADOS NO ESTADO
Resumo
Os morcegos do gênero Lonchorhina são caracterizados pela presença de uma folha nasal extremamente desenvolvida e por se abrigarem preferencialmente em cavernas e túneis. Atualmente são reconhecidas seis espécies para o gênero: L. fernandezi; L. marinkellei; L. mankomara; L. orinocensis; L. inusitata e L. aurita. Somente as duas últimas ocorrem no Brasil, sendo L. inusitata restrita à região amazônica, conhecida apenas para os estados de Rondônia e Mato Grosso. Já L. aurita, apesar de incomum, é amplamente distribuída, sendo registrada em altitudes inferiores a 1500 m em várias localidades, do sul do México ao sudeste do Brasil. Classificada na categoria “Vulnerável” pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil (2014), L. aurita é registrada para 98 sítios em 19 estados brasileiros e no Distrito Federal. Em Minas Gerais, apenas dois registros são conhecidos: um para o município de Ipatinga, domínio de Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, leste do estado, e outro para Cabeceira Grande, município da região noroeste, inserido no Cerrado. Nosso objetivo é reportar uma nova ocorrência de Lonchorhina aurita em Minas Gerais, visando contribuir para o conhecimento da espécie no estado. No dia 27 de fevereiro de 2019, durante coleta para controle da população de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) realizada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (autorização para coleta: MAPA, Portaria 168/2005) como parte do Programa Nacional de Combate à Raiva dos Herbívoros, um macho adulto de Lonchorhina aurita foi capturado acidentalmente em uma caverna no município de Inhapim (19º25’03.7” S, 42º00’41.1” O). A captura ocorreu com o uso de puçá e o exemplar foi destinado à Coleção de Mamíferos do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG, junto a outros espécimes coletados como material de referência do projeto. Este indivíduo de L. aurita (UFMG 7354) era o único da espécie no local e se encontrava espacialmente separado dos cerca de 30 morcegos das espécies Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Carollia perspicillata, com os quais compartilhava o abrigo. Os dados biométricos tomados estão dentro da variação esperada para a espécie (Comprimento do Corpo: 56.34 mm; Antebraço: 50.86 mm; Cauda: 49.43; Orelha: 28.59 mm; Folha nasal: 23.83 mm; Comprimento do Crânio: 20.48 mm). Apesar de Inhapim distar apenas 65 km da localidade de ocorrência mais próxima conhecida para a espécie (Ipatinga), a escassez de informações disponíveis sobre L. aurita torna importante a divulgação de novos registros, especialmente se tratando de uma espécie ameaçada nacionalmente e “Deficiente em Dados” na última lista das espécies ameaçadas de extinção em Minas Gerais. Também é relevante destacar a íntima associação de Lonchorhina aurita a ambientes cavernícolas, os quais têm sofrido intensa pressão exploratória, especialmente em Minas Gerais, acarretando a perda e degradação expressiva desse hábitat. A espécie possivelmente ocorre em outras regiões do estado, especialmente em áreas cársticas, onde estudos devem ser implementados para levantar informações adicionais que possibilitem atualizar o status de conservação de Lonchorhina aurita em Minas Gerais, além de subsidiar ações e estratégias de preservação da espécie no Brasil.
Palavras-chave
cavernas, distribuição, Lonchorhininae, espécie ameaçada
Financiamento
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Escritório Seccional Inhapim, MG
Área
Biogeografia/Macroecologia
Autores
Erickson Elias Oliveira ASSIS, Fred Victor OLIVEIRA, Gustavo Sturzenecker MOREIRA, Maria Clara NASCIMENTO-COSTA