Dados do Trabalho
TÍTULO
EFEITO DE AREA DE USO DE GRACILINANUS AGILIS (DIDELPHIDAE, MARSUPIALIA) NA PROBABILIDADE DE INFESTAÇAO POR CUTEREBRA APICALIS (CUTEREBRIDAE, DIPTERA)
Resumo
A relação parasita-hospedeiro pode ser influenciada por diferentes fatores intrínsecos (e.g. sexo, idade, e mobilidade do hospedeiro) e extrínsecos (e.g. variação sazonal das condições ambientais). Foi descrito para diferentes espécies que o aumento da mobilidade pode acarretar em uma maior taxa de infestação, devido a maior probabilidade de ser infestado. Desta forma, avaliamos a relação entre a área de uso do marsupial Gracilinanus agilis e infestação pelo díptero Cuterebra apicalis em fragmentos naturais de cerradão no Distrito Federal. Assim, consideramos o sexo, número de capturas, e o número de eventos de infestação (número de campanhas nas quais os indivíduos estavam infestados) de indivíduos de G. agilis. A amostragem foi composta por duas fases. A primeira, de julho de 2009 a março de 2011, consistiu do estabelecimento de gradeado de 12X12 em cada fragmento onde foram dispostas 160 armadilhas modelo Sherman, sendo 80 no sub-bosque. A segunda fase, de maio de 2011 a dezembro de 2016, utilizamos 162 armadilhas em gradeados de 9X9, totalizando um esforço de 123.756 armadilhas-noite. Calculamos a área de uso utilizando o método do mínimo polígono convexo (MPC) para os indivíduos que possuíam cinco ou mais capturas. Devido à sazonalidade bem marcada na região, também avaliamos relação entre a ocorrência de bernes (variável binária dependente), a área de uso, sexo e estação do ano como variáveis explanatórias. Para isso utilizamos uma seleção de modelos baseada no critério de Akaike ajustada para pequenas amostras (AICc), considerando o efeito de cada variável, das interação entre as variáveis explanatórias e o modelo constante. Também avaliamos com seleção de modelos a relação entre a ocorrência de bernes (variável binária dependente), a área de uso, o sexo e o número de eventos de infestação. Selecionamos os modelos que apresentaram um delta AICc < 4. Como mais de um modelo foi selecionado em ambas as seleções, utilizamos o método de model averaging. Desta forma, na seleção de modelos de área de uso e infestação em relação à variação sazonal e sexo, observamos que ocorrência de bernes é explicada apenas pela variação sazonal com o aumento da área de uso na estação seca (abril a setembro) (βestaçãoseca=-1,181; z=3,965; p<0.001) e na seleção de modelos da área de uso e infestação em relação à sexo e número de eventos de infestação, encontramos que apenas o efeito do sexo com os machos apresentando uma maior área de uso (βmachos=0,107; z=4,474; p<0.001). Apesar dos nosso resultados não corroborarem a hipótese de relação positiva entre área de uso e taxa de infestação, encontramos um padrão similar ao de diversos estudos com pequenos mamíferos, no qual os machos apresentam uma maior área de uso que fêmeas possivelmente devido à maior massa corporal. Também, devido às características de promiscuidade e semelparidade desta espécie, o aumento da área de uso na seca pode ser consequência dos machos tentando maximizar o número de fêmeas copuladas. Assim, concluímos que a infestação por C. apicalis é maior em machos do marsupial G. agilis na estação seca nos fragmentos naturais de cerradão no Brasil central.
Palavras-chave
marsupial, parasitismo, pequenos mamiferos, Cerrado
Financiamento
CNPq, CAPES, FAP-DF
Área
Parasitologia/Epidemiologia
Autores
MARIA CLARA CHAGAS SAMPAIO SOUZA, Anna Carla L Camargo, Nícholas Ferreira Camargo, André Faria Mendonça, Juliana Fernandes Ribeiro, Priscilla Lóra Zangrandi, Emerson Monteiro Vieira