X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ATIVIDADE ALIMENTAR E SOCIAL DE MORCEGOS INSETIVOROS EM UMA PAISAGEM COMPLEXA: A IMPORTANCIA DAS MATAS CILIARES E AREAS CARSTICAS

Resumo

As comunidades de morcegos são ameaçadas por todo mundo, devido à perda de habitats para se abrigar e forragear. As paisagens brasileiras e suas comunidades de morcegos associadas não são exceção, com a situação sendo agravada por leis ambientais permissivas. Portanto, há uma necessidade urgente de entender como a paisagem e variáveis ​​ambientais se relacionam com as atividades dos morcegos. Desta forma, utilizamos o monitoramento acústico para investigar diferenças na atividade alimentar e social de morcegos insetívoros em uma paisagem heterogênea. Este estudo foi conduzido em Minas Gerais, Sudeste do Brasil. Foram amostrados quatro tipos de habitats: Cerrado (n=8); Campo Rupestre (n=8); Floresta de galeria (n=8) e áreas cársticas (n=8). Cada habitat foi amostrado uma vez durante as três primeiras horas após o crepúsculo. Contabilizamos o número de espécies emitindo chamados de alimentação e social. Amostramos a disponibilidade de insetos e temperatura nos mesmos locais das gravações. Analisamos os dados usando quatro variáveis resposta: (i) cada tipo de atividade (alimentação/social) sem distinção taxonômica, (ii) cada tipo de atividade por espécie ou grupo de sonótipo, (iii) cada tipo de atividade por guilda ecomorfológica e (iv) riqueza de espécies / sonótipo. Para as três primeiras, usamos modelos lineares para testar se o tipo de habitat, a temperatura e a abundância de insetos afetam as atividades de alimentação e social. Para a quarta variável usamos modelos lineares generalizados para testar se a riqueza de espécies alimentando e socializando foi afetada pelo habitat, temperatura ou abundância de insetos. Foi observado maior atividade social (P=0.0007; F=5.07), mais espécies socializando nas áreas cársticas (P=0.017; F3.38). Alta atividade de alimentação (P=0.009; F=4.7) com mais espécies alimentando na floresta de galeria (P=0.0016 ; F=5.07). A atividade de forrageamento foi positivamente relacionada à temperatura para os morcegos como um todo (p = 0,0087; F = 4,7137) e para as forrageadoras de espaço aberto (p = 0,0361, F = 4,9449). A atividade social foi positivamente relacionada com a temperatura para forrageadores de espaço aberto (p = 0,0354, F = 5,024) e Molossideo3 (p = 0,0297, F = 5,4053). Estudos anteriores destacaram a importância de corpos de água e habitats complexos contendo abrigos para forrageamento de morcegos. No entanto, este é o primeiro estudo que avalia como a atividade social em áreas cársticas estão relacionadas ao habitat e clima. Nossos resultados sugerem que a conservação de morcegos insetívoros depende da manutenção de áreas cársticas, porém mudanças recentes nas leis ambientais federais reduziram o alcance da proteção legal de cavernas, ameaçando a conservação dessas espécies e os benefícios que eles proporcionam aos seres humanos. Essas áreas são críticas para vários estágios do ciclo de vida desses animais. Além disso, como os corpos d'água e matas ciliares são importantes locais de forrageamento de morcegos, a área mínima de proteção junto a corpos d'água deve ser restabelecida para aquela definida antes do novo Código Florestal de 2012, que flexibilizou as regulamentações que visavam preservar áreas naturais em propriedades rurais.


Palavras-chave

Bioacústica, Conservação, Chamadas de ecolocalização ,Uso de Habitat


Financiamento

CNPq 472372 / 2013-0 e FAPEMIG APQ-01043-13


Área

Ecologia

Autores

Leonardo Henrique Dias-Silva, Gabriela Teixeira Duarte, Renata Silva Alves, Maria Ramos Pereira, Adriano Pereira Paglia