X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

OCORRÊNCIA DE AKODON AZARAE E A. MONTENSIS EM FITOFISIONOMIAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Resumo

A ocupação antrópica no Rio Grande do Sul (RS) gerou uma paisagem dominada por áreas antropizadas, apresentando ainda uma vegetação campestre predominante (62,2%). As mudanças observadas no RS podem ser percebidas através do estudo da ecologia de roedores, os quais fornecem informações importantes sobre a qualidade dos ecossistemas, modificações de manejos em áreas cultivadas e naturais, assim como auxilia no entendimento sobre alguns serviços ecológicos prestados pelos pequenos roedores, estes relacionados com a riqueza de espécies, comportamentos e hábitos alimentares. Em vista disso, se objetivou analisar as fitofisionomias do RS com presença dos pequenos roedores sigmodontíneos Akodon azarae e A. montensis. Foram transcritas das etiquetas de determinação do Museu de Ciências Naturais da ULBRA as coordenadas geográficas de coleta de espécimes procedentes de 25 munícipios do RS. Os espécimes de A. azarae foram coletados entre 1998-2015 e de A. montensis entre 1988-2015. A interpretação da fitofisionomia das paisagens nos registros das espécies foi estabelecida através de dados digitais (formato shapefile), com sistema de projeção Datum Sirgas 2000, ano base 2015, escala 1:250.000. A classificação do uso e cobertura do solo do RS foi modificada de Cordeiro & Hasenack (2009). As fitofisionomias nos pontos de registros foram analisadas individualmente para a classificação dos ambientes onde as espécies ocorrem no estado e comparadas com mapas históricos do MAPBIOMAS. Foram registradas 27 localidades com A. azarae e nove com A. montensis. No município de Encruzilhada do Sul foi observado simpatria numa região com predominância de silvicultura, próximo à cultura agrícola e mancha florestal. Não houve um amplo registro das espécies no centro e noroeste do estado. A. azarae foi encontrado entre o nível do mar a altitudes acima de 1000 m; em regiões com predominância fitoecológica campestre (38,7%), incluindo campo seco, úmido e campo próximo à cultivos agrícolas. As paisagens com fitofisionomias antrópicas (rizicultura e silvicultura) foram o segundo maior registro (19,3%). Registramos 14,5% dos indivíduos em banhados, os quais estavam próximos à cultivos agrícolas e campos. A. montensis foi encontrado entre o nível do mar a altitudes abaixo de 800 m; em regiões com predominância fitoecológica florestal (92,3%). Foi possível observar a ocorrência da espécie ao longo de matas ciliares próximas a áreas antropizadas, incluindo silvicultura (3%) e agricultura (1,5%). O registro das espécies em localidades próximas a áreas antropizadas evidenciam os vestígios das mudanças na cobertura vegetal do RS. Foi possível visualizar as mudanças no entorno dos pontos amostrais quando comparamos o mapa de 2015 com os mapas históricos, com alguns mais antigos tornando-se manchas florestais ou campestres. A distribuição dos registros das duas espécies evidencia as possíveis lacunas na amostragem de mamíferos no RS, os quais geralmente ocorrem nos grandes focos de empreendimentos (fronteiras com o Uruguai e Santa Catarina, e planície litorânea). Ficou evidente que as espécies ocorrem em predominância em regiões fitoecológicas específicas, não excluindo a possibilidade de ocorrem em outras fitofisionomias. Essas possibilidades de nichos devem ser melhor estudadas para as espécies do gênero Akodon, sendo que há uma grande lacuna de conhecimento nesse âmbito ecológico.

Palavras-chave

Antropização, Campos sulinos, Mata Atlântica, Pequenos roedores, Sigmodontinae

Área

Ecologia

Autores

Jéssica Bandeira Pereira, Izidoro Sarmento do Amaral, Alexandre Uarth Christoff