X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESPECIES DE MORCEGOS NA ZONA DE TRANSIÇAO CERRADO-CAATINGA DO LESTE MARANHENSE

Resumo

Ao longo do território maranhense observam-se grandes áreas de transição entre Amazônia e Cerrado em sua região central, bem como uma zona de contato com a porção oeste da Caatinga. Devido a esta heterogeneidade de habitats e ecossistemas, as áreas de vegetação remanescente no Maranhão apresentam elevado potencial de novos registros de espécies. O Brasil apresenta amplas áreas do território sem inventários das espécies de morcegos, sendo o Maranhão um dos Estados com menor esforço amostral já realizado. O objetivo deste inventário foi incrementar o conhecimento sobre a distribuição das espécies de morcegos no sudeste do Maranhão, área com menor registro de morcegos no Estado. O estudo foi realizado em áreas de vegetação remanescente com formações típicas de Cerrado (stricto sensu e cerradão) e transição com savana estépica (Caatinga). Realizamos as capturas em quatro localidades no município de Pastos Bons (6°31'07.6"S, 44°05'02.7"W), distantes cerca de 5 km, e na caverna Toca do Inferno (6°39'33.0"S, 43°20'51.0"W), no município de Barão de Grajaú. Os morcegos foram capturados utilizando-se 24 redes de neblina (12  x 2,5m) em cada uma das noites, no período de 18h à meia-noite, com exceção da caverna que foi amostrada no crepúsculo com uma única rede. O esforço amostral médio em cada ponto amostral foi de 3.240 m².h, totalizando 13.020 m².h de redes amostradas nas localidades e na caverna. No município de Pastos Bons encontramos um total de 12 espécies: Artibeus lituratus (1 indivíduo), A. planirostris (1), Carollia perspicillata (66), Choeroniscus minor (2), Dermanura cinerea (7), Diaemus youngi (1), Myotis riparius (1), Phyllostomus discolor (3), P. hastatus (9), Platyrrhinus incarum (1), Platyrrhinus lineatus (4) e Sturnira lilium (11). Já na caverna Toca do Inferno, no município de Barão de Grajaú, registramos sete espécies: C. perspicillata (1), Glossophaga soricina (3), Natalus macrourus (5), P. hastatus (1), Pteronotus gymnonotus (8), P. personatus (4) e P. rubiginosus (35). A espécie C. minor é registrada pela primeira vez no Maranhão, sugerindo sua plasticidade para habitar também áreas florestais em regiões mais áridas. O registro de P. incarum foi baseado em medidas morfométricas e características externas, tais como uropatágio em forma de “U” e maior densidade de pelos nas patas. Na caverna observamos grandes colônias de Pteronotus, principalmente P. rubiginosus e P. gymnonotus, ressaltando a caracterização da Toca do Inferno como uma “bat cave”. Neste ambiente registramos também mais de 150 indivíduos de N. macrourus, categorizada como espécie cavernícola quase ameaçada. A realização deste inventário de curta duração demonstra a possibilidade de aumento da lista de espécies de uma região priorizando áreas remanescentes com menor degradação e com um maior esforço amostral por noite.

Palavras-chave

Chiroptera, caverna, savana

Área

Inventário de Espécies

Autores

Ciro Líbio Caldas dos Santos, Wesley Silva de Almeida, Jefferson da Silva Cavalcante, Gustavo Almeida Brito, Joudellys Andrade Silva, Agostinho Cardoso Nascimento Pereira, José Manuel Macário Rebêlo