X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

QUAIS AS MELHORES AREAS PARA A CONSERVAÇAO DOS PRIMATAS ENDEMICOS NA AMAZONIA ORIENTAL?

Resumo

A taxa de desmatamento acumulada para a região amazônica brasileira já ultrapassou os 25%. Cerca de 90% deste desmatamento se distribuem nas bordas sul e leste da região, onde se concentra o chamado “Arco do Desmatamento”. Junto ao cenário de alto desmatamento, as projeções de mudanças climáticas indicam graves efeitos das ações antrópicas sobre a biodiversidade, principalmente sobre as espécies que dependem da cobertura florestal como os primatas. Este grupo de mamíferos representam grande parte da biomassa de frugívoros da floresta amazônica. Quando se trata das espécies endêmicas, a extinção local pode significar a extinção total dessas espécies. Assim, determinar quais áreas são indispensáveis para persistência dos primatas endêmicos da região amazônica é fundamental para evitar a futura extinção de espécies e alterações nas funções ecossistêmicas. Utilizamos a ferramenta de modelagem de distribuição de espécies e priorização espacial, para identificar áreas prioritárias para conservação de 12 espécies endêmicas de primatas da Amazônia oriental. Para isso, geramos modelos de adequabilidade climática das espécies alvo nos cenários presente e futuro (ano de 2050). Destes modelos, foram filtradas as áreas que possuem cobertura florestal em ambos os cenários, visto que os primatas analisados são espécies estritamente florestais. Encontramos que grande parte da Amazônia oriental perderá adequabilidade ambiental para a ocorrência das espécies no futuro. A análise de priorização espacial indicou a região nordeste da Amazônia oriental como a área mais importante para a conservação das espécies de primatas estudados. Verificarmos a relação entre quantidade de Áreas Protegidas e a proporção da distribuição das espécies, contempladas nestas áreas. Também analisamos a proporção de Áreas Protegidas e áreas prioritárias em relação a distribuição potencial das espécies considerando as categorias de ameaça definidas pela IUCN. A configuração atual das Áreas Protegidas da Amazônia oriental contempla cerca de 51% da área de distribuição potencial das espécies listadas como vulneráveis, 63% das espécies em perigo, e 17% das espécies criticamente em perigo. Se acrescentamos 2% de Áreas Protegidas no cenário já existente, o acrescimento de espécies ameaçadas que se tornariam protegidas aumentaria para 59% para as espécies vulneráveis, para 67% para as espécies em perigo e 52% para as espécies criticamente em perigo. Com aumento de 10 % de Áreas Protegidas, o nível de proteção subiria para 84%, 85% e 99%, para espécies vulneráveis, em perigo e criticamente em perigo respectivamente. Nossos resultados mostram que os primatas da Amazônia oriental podem sofrer drásticas consequências em decorrência dos impactos das mudanças climáticas em um futuro próximo. No entanto, se estratégias de conservação forem tomadas levando em consideração áreas prioritárias, a chance de conservação das espécies endêmicas de primatas na Amazônia oriental são altas.  

Palavras-chave

Cebus kaapori, Chiropotes satanas, Mico emiliae, Mico leucippe, Mico argentatus, Saimiri collinsi, Saguinus ursulus, Saguinus niger, Alouatta discolor, Aotus infulatus, Ateles marginatus, Callicebus moloch​

Área

Ecologia

Autores

Letícia Braga Silva, Renata Mendes Frederico, Rafael Mendes Loyola, Daniel Augusto Zacarias, Bruno Augusto Ribeiro, Ana Cristina Mendes-Oliveira