Dados do Trabalho
TÍTULO
REDE DE INTERAÇAO ENTRE ECTOPARASITOS (DIPTERA: STREBLIDAE, NYCTERIBIIDAE) E MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) EM AMBIENTE DE MATA ATLANTICA NA REGIAO SUL DO BRASIL
Resumo
Redes ecológicas vêm sendo utilizadas como ferramentas para compreender as interações entre ectoparasitos e morcegos. Entretanto, poucos estudos com essa temática têm sido realizados na Mata Atlântica. Nosso estudo teve como objetivo analisar a estrutura da rede de interação entre ectoparasitos e morcegos, em ambientes de Mata Atlântica no sul do Brasil. O estudo foi realizado em cinco remanescentes de Floresta Ombrófila Densa nos estados de Santa Catarina (4) e Paraná (1). A captura dos morcegos foi realizada com 10 redes de neblina, abertas por seis. Após capturados, inspecionamos os morcegos quanto a presença de ectoparasitos, os quais foram coletados, acondicionados em eppendorfs contendo álcool 70% e levados para identificação. Organizamos essas interações em matrizes de adjacência, com as espécies de morcegos nas colunas e de as ectoparasitos nas linhas. As interações par-a-par foram descritas abundância de ectoparasitos em cada espécie de morcego. Para detectar o grau de especialização da rede utilizamos quatro métricas: conectância (C), especialização complementar (H2’), modularidade binária (Qb) e ponderada (Q). Já a especialização ao nível da espécie foi detectada pela centralidade por grau. Todas as análises foram realizadas no pacote “bipartite” do programa R. A rede de parasitismo foi composta por 14 espécies de morcegos e 22 de ectoparasitos. Entre todas as interações possíveis (n = 308), apenas 40 foram observadas (C = 0.13). Além disso, estas foram mais especializadas do que o esperado pela frequência de interação entre espécies (H2’ = 0.89). Também detectamos a ocorrência de maior especificidade de interação entre algumas espécies através da formação de nove (Q = 0.75) a oito (Qb = 0.58) módulos de interação. Entre as espécies de morcegos, Artibeus lituratus, Carollia perspicillata e Sturnira lilium foram hospedeiros da maior riqueza de ectoparasitos (n = 6 cada). Enquanto que Megistopoda proxima parasitou o maior número de espécies de morcegos (n = 5). Observamos alto grau de especialização entre as interações de ectoparasitos e hospedeiros nos ambientes amostrados, sendo este um padrão esperado. Megistoda proxima possui como hospedeiro primário Sturnira lilium, podendo ser encontrada sobres outras espécies deste gênero. Paratrichobius longicrus teve sua relação predominante com o gênero Artibeus, o qual é seu hospedeiro primário. As demais interações registradas neste estudo para Megistoda proxima e Paratrichobius longicrus podem ser decorrentes de infestações acidentais. Para Carollia perspicillata, a maior riqueza de ectoparasitos pode ser decorrente de seu comportamento de utilização de abrigos, o qual demonstra maior fidelidade e coabitação com outras espécies de morcegos. Estes fatores podem aumentar a riqueza de ectoparasitos sobre essa espécie. Para Artibeus lituratus e Sturnira lilium a maior riqueza de interações registrada pode estar relacionada ao grande número de capturas destas espécies, o que pode propiciar maior número de amostras e consequentemente maior detalhamento das interações entre ectoparasitas e morcegos. Dentre as relações observadas neste estudos, podemos perceber que mesmo que algumas espécies de morcegos possam apresentar relações com diferentes taxa de ectoparasitas, os dados de especialização da rede demostram o padrão de especificidade entre as interações de ectoparasitas e morcegos.
Palavras-chave
parasitismo, infestação, hospedeiros, Floresta Ombrófila Densa.
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - Edial 06/2016 - Termo de outorga 2017TR1706. Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza com o termo de parceria RNSM 089/2018.
Área
Parasitologia/Epidemiologia
Autores
Mainara Figueiredo Cascaes, Luana da Silva Biz, Thais Zanata, Beatriz Fernandes Lima Luciano, Gabriel Preuss, Gustavo Graciolli, Jairo José Zocche, Fernando Carvalho