Dados do Trabalho
TÍTULO
VARIAÇAO TEMPORAL NO TAMANHO DA POPULAÇAO DO MORCEGO TADARIDA BRASILIENSIS NO EXTREMO SUL DO BRASIL
Resumo
Espécies de morcegos de regiões temperadas e subtropicais podem apresentar flutuações sazonais nos tamanhos de suas populações ao longo do ano. A avaliação do número de indivíduos em abrigos e a estimativa de tamanho populacional representam desafios metodológicos, porém, podem trazer resultados aplicáveis em manejo e conservação de espécies. Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) é uma espécie insetívora da família Molossidae com ampla distribuição geográfica nas Américas. A espécie foi estudada na América do Norte, onde existem populações com comportamentos distintos, algumas são residentes e outras migram na direção norte-centro ou centro-sul dos Estados Unidos. Estudos recentes indicam que a espécies está expandindo sua distribuição para o norte dos Estados Unidos, possivelmente influenciada por fatores climáticos. Na América do Sul, não existem estudos populacionais e esse é o primeiro trabalho que avaliou a flutuação temporal no tamanho de uma população da espécie. O objetivo do trabalho foi avaliar o tamanho da população de T. brasiliensis e suas variações temporais ao longo das estações do ano no extremo sul do Brasil. O estudo foi realizado entre a primavera de 2017 e o inverno de 2018 no município do Capão do Leão (RS), na Planície Costeira, no Bioma Pampa, em uma região com marcada flutuação sazonal quanto à temperatura. Foram avaliadas colônias localizadas em 11 abrigos em construções humanas que tiveram o período de emergência dos morcegos filmados e/ou contados por dois observadores ao anoitecer uma vez a cada estação do ano. As filmagens foram obtidas com câmeras de infravermelho Intelbras multiHD de 20m acopladas ao DVR Intelbras HDCVI 1004 Geração 2. As filmagens foram analisadas e o número de indivíduos foi contado ou estimado dependendo do tamanho da colônia. Os resultados apontam que os abrigos comportam colônias com grandes diferenças no número de indivíduos Na área de estudo, um dos abrigos comporta a maior parte da população, onde foram contados 22.475 indivíduos na primavera; 26.285 no verão; 31.728 no outono e 15.132 no inverno. Para os outros 10 abrigos, que contém colônias pequenas e médias, foram contados 3.953 indivíduos na primavera, 6.713 no verão, 2.320 no outono e 2.183 no inverno. Os resultados obtidos indicam que no extremo sul do Brasil há uma população residente de T. brasiliensis e que há flutuações sazonais no tamanho da população. A população atinge seu número máximo de indivíduos no verão e outono, após o recrutamento dos filhotes, e seu número mínimo no inverno. No inverno, o número de indivíduos presentes nos abrigos é a metade dos indivíduos presentes no outono, no final da época reprodutiva. Desta forma, há fortes indícios que uma parcela da população desloque ou migre para outras regiões no outono e inverno. As diferenças de comportamento entre os indivíduos da população do sul do Brasil devem ser investigados, assim como os padrões de deslocamento ou migração. Esse trabalho representa o primeiro passo para o estabelecimento de um programa de monitoramento de longo prazo das populações de T. brasiliensis na América do Sul.
Palavras-chave
Chiroptera, flutuação sazonal, conservação
Área
Ecologia
Autores
Letícia Jansen Medeiros, Isadora Brauner Lobato, Adeline Dias Franco, Ana Maria Rui