X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

INICIATIVA DE SAUDE PARA CONSERVAÇAO DE XENARTRAS: TATUS COMO ESPECIES MODELO PARA APLICAÇAO DO CONCEITO DE SAUDE UNICA

Resumo

Diversos autores, atribuem as características ecológicas, anatômicas e fisiológicas como fatores que levam a uma maior susceptibilidade dos tatus à patógenos, comparado a outros mamíferos. Fatores como a caça para uso medicinal, artesanatos, e a ingestão de sua carne, tornam estas espécies relevantes para saúde pública. Desde 1912, Carlos Chagas e muitos outros pesquisadores, descrevem os tatus como principais hospedeiros, de inúmeros patógenos zoonóticos. Estudos envolvendo a saúde destas espécies são de extrema importância para o entendimento do real papel dos tatus na cadeia de transmissão destes agentes patogênicos, e o impacto destes para as espécies. Desde 2011, o Projeto Tatu-Canastra em parceria com mais de 12 instituições e 28 pesquisadores, desenvolvem juntos, a “Iniciativa de Saúde para Conservação de Xenarthras”. Através desta, os tatus tornam-se espécies ideais para a aplicação do conceito de saúde única, reunindo pesquisas sobre as espécies animais, do meio ambiente e humana. Como parte deste estudo, 66 indivíduos; 29 tatus-canastras (P. maximus), 13 tatus-de-rabo-mole (C. unicinctus), 22 tatus-pebas (E. sexcinctus) e 2 tatus-galinhas (D. novemcinctus) foram capturados e anestesiados no Pantanal da Nhecolândia e sete indivíduos, (6 E. sexcicntus e 1 D. novemcinctus) mortos atropelados, tiveram amostras colhidas em rodovias do Cerrado do Mato Grosso do Sul. Sangue, biópsia de pele, fezes, ectoparasitos e swabs foram colhidos e analisados. Dados qualitativos preliminares das tocas e a prevalência de patógenos em indivíduos capturados, foram um dos objetivos deste estudo. Análise do solo revelou que 13 (21.7%) tocas de tatu-canastra apresentavam o fungo Microsporum gypseum (Nannizzia gypsea). Outro fungo, como a Malassezia pachydermatis, M. furfur e sympodialis também foram isoladas do conduto auditivo de 8 (10,60%) indivíduos. Análises para Dermatófitos foram negativas. Um total of 542 carrapatos (72 ninfas e 470 entre machos e fêmeas adultos) foram colhidos e identificados entre as espécies A. auricularium, A. parvum e A. sculptum. Endoparasitos da família Strongylida, Eimeridae, Ascarididae e Acanthocephalus foram identificados em 37/66 (57%) dos indivíduos amostrados. Enterobactérias como Salmonella carrau e newport e E. coli foram isoladas em 1 (1,51%), 3 (4,54%) e 16 (24,24%) indivíduos respectivamente. Para os patógenos de importância zoonótica, 13 (19,69%) apresentaram anticorpos anti-Toxoplasma gondii, 3 (4,54%) anti-Trypanosoma cruzi, 4 (6,06%) anti-Leishmania chagasi, 8 (12,12%) anti-Leptospira spp. Todos indivíduos analisados através do método PCR (Polimerase Chain Reaction) para M. leprae, Brucella spp, Morbilivírus e Herpesvírus, obtiveram resultados negativos. Também por PCR, sete indivíduos do Bioma Cerrado 7/7 (100%), foi detectado o fungo Paracoccidioides brasiliensis. Resultados preliminares deste estudo sugerem que os tatus tanto do bioma Pantanal, quanto do Cerrado foram expostos a uma ampla diversidade de patógenos. O fato de os tatus passarem a maior parte do seu tempo dentro das tocas, e serem espécies amplamente caçadas, acaba favorecendo a dispersão e contato com diferentes patógenos e vetores entre espécies, inclusive o homem. Estudos e monitoramento da saúde em longo prazo com tatus, podem ser estratégicos para o entendimento do impacto dos patógenos na saúde de populações de vida livre, espécies ameaçadas, do seu ecossistema, e para a saúde humana. 

Palavras-chave

tatu; saúde única; medicina da conservação; conservação

Financiamento

https://www.giantarmadillo.org.br/copy-of-publications-1 e http://www.tamanduabandeira.org/colaboradores.html

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Danilo Kluyber, Gabriel Massocato, Thiago F Martins, Herbert S Soares, Gislaine T Dalazen, Katia R Groch, André L R Roque, Ana M Jansen, Sandra M.G. Bosco, Eduardo Bagagli, Selene D Coutinho, Vânia Maria de Carvalho, Renata C. F. Santos, Jessica Ferreira , Arnaud J.L Desbiez