X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MAMIFEROS TERRESTRES NAO VOADORES EM REMANESCENTES DE MATA ATLANTICA DA PARAIBA: ILHADOS NUM MAR DE CANA-DE-AÇUCAR?

Resumo

<p>O Centro de Endemismo de Pernambuco (CEPE) é um hotspot de biodiversidade da Mata Atlântica e, concomitantemente, a segunda maior produtora de cana-de-açúcar no mundo. Sabe-que que essa matriz traz impactos negativos para a fauna de mamíferos em algumas regiões da Mata Atlântica, mas pouco se conhece sobre seus efeitos no CEPE. Diante disso, nós avaliamos o impacto da matriz de cana-de-açúcar nas comunidades de mamíferos terrestres, analisando o tamanho dos fragmentos, permeabilidade da matriz e conectividade da paisagem. Para tanto, estimamos a riqueza e abundância dos mamíferos em seis fragmentos florestais (Reserva Biológica Guaribas SEMA I, II e III, Gargaú, Complexo Pacatuba e Italiana) e na cana-de-açúcar adjacente a esses fragmentos. Utilizamos Modelos Lineares Generalizados Mistos para testar a hipótese de que a abundância e riqueza dos pequenos mamíferos é influenciada pelo uso do habitat, tamanho dos fragmentos, conectividade funcional e efeito de borda. Elaboramos um mapa de uso do solo através de classificação supervisionada no programa ArcGis®, o qual utilizamos para avaliar a permeabilidade da matriz com base em dados de campo para os pequenos mamíferos e dados de literatura para os médios. Calculamos a conectividade funcional a partir do software Graphab 2.0. Adicionalmente, identificamos fragmentos de maior importância para a conectividade funcional da paisagem. Registramos um total de 16 espécies, sendo Didelphis albiventris&nbsp;a espécie mais representativa para pequenos mamíferos, e Dasyprocta iackii&nbsp;para médios. Para pequenos mamíferos a riqueza registrada foi igual ou superior a encontrada em fragmentos em cenários com menor nível de fragmentação, o que nos leva a duas hipóteses: a riqueza do CEPE para este grupo era ainda maior, ou que estamos sofrendo um débito de extinção. Por outro lado, observamos uma baixa abundância de mamíferos de médio porte em todos os fragmentos e o desaparecimento de até 80% das espécies esperadas no nosso método de amostragem, corroborando o cenário de defaunação já conhecido para a região. Dentre todas as variáveis de configuração da paisagem, a categoria de habitat (cana-de-açúcar ou fragmento florestal) exerceu efeito tanto sobre a riqueza quanto abundância de espécies de pequenos mamíferos, enquanto a distância de borda exerceu efeito apenas sobre a abundância. A matriz de cana-de-açúcar foi uma barreira para a maioria das espécies de mamíferos, sendo determinante na diminuição da conectividade funcional da paisagem. Esse habitat foi permeável apenas para 3 espécies de pequenos mamíferos e 3 de médio porte. A conectividade funcional não exerceu qualquer efeito sobre o padrão de riqueza e abundância dos pequenos mamíferos, provavelmente como consequência da baixa permeabilidade da matriz. Não detectamos um efeito significativo do tamanho do fragmento; entretanto, os maiores fragmentos apresentaram maior riqueza e abundância tanto para pequenos quanto para médios mamíferos. Os fragmentos mais importantes para a manutenção da conectividade geral da paisagem para ambos os grupos são a Rebio Guaribas II, o Complexo Pacatuba, Gargaú e Italiana e, portanto, são prioritários na aplicação de medidas e estratégias de conservação para os mamíferos terrestres.</p>

Palavras-chave

<p>pequenos mamíferos, mamíferos de médio porte, conectividade funcional, agroecossistemas, áreas prioritárias.</p>

Financiamento

<p>Rufford Foudation - Small grant (20950-1).</p>

<p>Idea Wild.</p>

<p>Programa de Pesquisa para o SUS - Edital 01/2013 - PPSUS/ FAPESQ/MS/CNPq, EFP_00008705.</p>

<p>Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBIO Mata Atlântica) - Processo CNPq: 457524/2012-0</p>

<p>Capes&nbsp;pelas bolsas de pós-graduação&nbsp;(MGB e ACFA) e PNPD (FLR).</p>

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Área

Biologia da Conservação

Autores

Mayara Guimarães Beltrão, Pedro Cordeiro Estrela, Anna Carolina Figueiredo Albuquerque, Fabiana Lopes Rocha