X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

DETECÇAO DE HEMOPARASITAS EM MORCEGOS FILOSTOMIDEOS DA REGIAO URBANA DE CAMPO GRANDE, MS

Resumo

Os morcegos podem atuar como reservatórios de agentes patogênicos como vírus, bactérias, protozoários e nematodas, podendo implicar em problemas de saúde pública, em especial em áreas urbanas pela estreita relação com populações humanas. Entretanto, poucos estudos abordam a associação entre os morcegos e parasitos, sendo a própria diversidade de parasitaria ainda subestimada.  Portanto, o presente trabalho teve como objetivo detectar e identificar hemoparasitos circulantes nas populações de morcegos filostomídeos de uma área urbana de Cerrado no Mato Grosso do Sul. As amostragens de morcegos contemplaram oito áreas remanescentes florestais da zona urbana do município de Campo Grande, realizando-se 24 noites de captura entre novembro de 2017 e março de 2018. Em cada noite foram utilizadas oito redes de neblina de 12,0 x 2,5 m, que permaneceram abertas por 6 horas, totalizando 34,560 h.m2 de esforço amostral. Para a obtenção de amostras biológicas foram coletados até dois indivíduos não reprodutivos das espécies registradas em cada noite de coleta. Os morcegos coletados foram anestesiados com Ketamina (150 mg/Kg) e Xilazina (15 mg/KG) e posteriormente eutanasiados por exsanguinação por punção cardíaca, conforme as autorizações CEUA/UCDB n° 0006/2017 e SISBIO n° 56804-1. Foram avaliados esfregaços sanguíneos de 128 morcegos de sete espécies de Phyllostomidae: Artibeus lituratus (n=50), Artibeus planirostris (n=31), Platyrrhinus lineatus (n=22), Carollia perspicillata (n=17), Glossophaga soricina (n=4), Platyrrhinus helleri (n=3) e Chiroderma villosum (n=1). Para a realização do exame parasitológico, uma gota de sangue total foi obtida para a confecção de esfregaços sanguíneos individuais, as quais foram fixadas e coradas com kit panótico rápido. Foram observados hemoparasitos em 14 indivíduos (10,9%), dos quais 11 apresentaram Mycoplasma spp. (8,6%; n=128) e cinco apresentaram Litomosoides spp. (3,9%; n=128). A ocorrência de Mycoplasma spp. foi observada em seis A. planirostris (19,3%; n=31), quatro A. lituratus (8,0%; n=50) e um G. soricina (25,0%; n=4). Litomosoides spp. foram encontradas somente em três espécimes de A. lituratus (6,0%; n=50) e em dois indivíduos de A. planirostris (6,4%; n=31). Dentre os sete A. planirostris parasitados, dois apresentavam coinfecção por ambos os hemoparasitos. A presença de Mycoplasma em morcegos é frequentemente relatada, já sido reportada em A. planirostris e G. soricina capturados na região norte do Brasil. A ocorrência de Litomosoides spp.  é frequentemente indicada em quirópteros, já sendo descrita no Brasil em A. planirostris no estado do Pará e G. soricina no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Embora não se saiba o efeito de infecções por esses parasitos em quirópteros, ambos têm o potencial de causar alterações na fisiologia e resposta imune de seus hospedeiros e podem impactar em aspectos de sua biologia, como seu sucesso reprodutivo. Além disso, é necessária uma maior compreensão do papel dos morcegos como reservatórios desses parasitos e de seu potencial zoonótico.

Palavras-chave

Chiroptera, Hemoplasmas, Nematoda.

Financiamento

Chamada Universal– MCTI/CNPq Nº 14/2016; CNPq Bolsa PQ 308768/2017-5. 

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Aline Márcia dos Santos Villasanti, Jaire Marinho Torres, Roney Christian Francisco Soares, Carina Elisei de Oliveira