X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

FATORES ECOLOGICOS E HISTORICOS QUE DETERMINAM A AGRESSIVIDADE HUMANA

Resumo

Compreender as causas que levam os animais a se comportarem agressivamente tem despertado o interesse de diversos pesquisadores desde a publicação do livro “A Origem das Espécies”. O comportamento agressivo pode ser decorrente dos processos ecológicos por aquisição de recursos. A agressividade intraespecífica ocorre quando um indivíduo lesiona ou mata outro da mesma espécie, visando benefício próprio. O ganho para ele pode ser reprodutivo, alimentar ou hierárquico. Além dos fatores ecológicos, fatores fisiológicos também podem modificar o nível de agressividade de mamíferos. Recentemente foi visto que a variação na duração do dia (fotoperíodo) pode modificar o comportamento agressivo de alguns animais, através da liberação de hormônios esteroides. Dado isto, dias mais curtos levam a uma maior agressividade. O homem pertence a linhagem dos Primatas, grupo que tem a agressividade como uma das características mais difundidas. Tendo isto em vista, determinar os processos que moldam, espacial e temporalmente, o comportamento agressivo humano é o objetivo principal deste trabalho. Para tanto, analisamos como os Recursos Ambientais, a Distância das Populações dos Centros de Origem de Agricultura (CO) e o Fotoperíodo se relacionam ao comportamento agressivo. Foram estabelecidas três hipóteses, sendo elas (i) Hipótese de Recursos, (ii) Hipótese dos Centros de Agricultura e (iii) Hipótese de Fotoperíodo. Foram coletados 469 pontos georreferenciados de registros arqueológicos de populações humanas, datadas desde o Neolítico até o Moderno. O grau de violência por agrupamento foi estimado através da razão do número de mortes violentas pelas mortes totais. Como proxi da disponibilidade de recursos, foram utilizadas as variáveis de Sazonalidade de Temperatura e de Precipitação, Temperatura Média Anual e Precipitação Anual, extraídas do WorldClim. Para avaliar se a distância ao CO é um fator modulador da agressividade, estimou-se as distâncias de cada agrupamento para os CO, existentes nos períodos. Para testar a hipótese do fotoperíodo, foi estimado o coeficiente de variação de horas-luz para cada localidade. Assim também, foi incorporado a informação temporal de cada população, para levar em consideração a variação ao longo do tempo. Foram empregados Modelos Aditivos Generalizados (GAM), a fim de observar a relação das variáveis utilizadas com a agressividade humana. Dos modelos gerados, a variável CO é a que mais explica a agressividade (R-quadrado=0,11; p<0,001), sendo que, populações muito próximas aos centros de origem são de agressividade média, a uma distância intermediária, são pouco agressivas e a distâncias maiores, o nível de agressividade volta a aumentar. A segunda variável que mais explicou a agressividade foi o fotoperíodo (R-quadrado=0,06: p<0;001), o que indica que existe um aumento da agressividade com o aumento da sazonalidade de horas-luz. Observou-se também, que este efeito tende a diminuir nas populações mais recentes. As variáveis restantes mostraram pouco ou nenhum efeito sobre a agressividade. Nossos resultados evidenciam que processos históricos, como o surgimento de centros de origens, e fatores ambientais, como o fotoperíodo, são moduladores importantes da agressividade na espécie Homo sapiens.

Palavras-chave

Agricultura; Dispersão; Fotoperíodo; Homo sapiens

Financiamento

COPES e CNPq

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Diene Oliveira Santos, Mayane Alves Andrade, Pablo Ariel Martinez