X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

BASES ECOLOGICAS E EVOLUTIVAS DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO INTRAESPECIFICO DOS MAMIFEROS

Resumo

<p>Um dos grandes desafios dos estudos macroecológicos é entender os padrões da biodiversidade em grandes escalas a partir dos processos que ocorrem em escalas menores. Diversas relações entre os traços morfofisiológicos das espécies e fatores que atuam em grandes escalas espaciais e temporais estão bem caracterizados pela macroecologia. Entretanto, existe uma lacuna de conhecimento acerca dos fatores que modulam o comportamento das espécies. A agressividade em animais, definida como um comportamento violento que aumenta as chances de um indivíduo matar ou lesionar outro da mesma espécie, pode ter influência genética e hormonal, sendo importante quando recursos são escassos. Portanto, tanto fatores ecológicos (recurso alimentar e fotoperíodo) quanto evolutivos (história filogenética) podem modular o grau de agressividade das espécies. Desse modo, analisamos se a sazonalidade do fotoperíodo, a disponibilidade de alimento e a história evolutiva afetam, diferencialmente e em conjunto, este comportamento a nível global. Obtivemos dados de agressividade de 952 espécies de mamíferos terrestres e construímos um mapa global de agressividade estimando a média de agressividade para cada quadrícula do mapa. Realizamos regressões múltiplas com filtros espaciais e filogenéticos para desvendar o efeito da sazonalidade do fotoperíodo, da disponibilidade de alimento e da história evolutiva no nível da agressividade das espécies em escala global. As análises foram feitas a nível global e de biomas (Deserto, Savana e Floresta). Nossos resultados evidenciam que as regiões fora da zona tropical (acima ou abaixo de 20° N e S) apresentam maiores graus de agressividade. Foi observado um aumento da agressividade em regiões com maior sazonalidade de fotoperíodo e menor produtividade primária líquida (p&lt;0.001). Nesse sentido, dias mais curtos levam a um maior período de degradação da melatonina, processo que intensifica a agressividade. Já em regiões pouco produtivas, recursos alimentares podem ser menos abundantes e situações de escassez ou agrupamento dos recursos alimentares podem levar a uma maior competição e agressividade. Não foi observado efeito do fotoperíodo no bioma Savana (p=0.0835), possivelmente, por causa da sua localização em regiões tropicais, o que implica em uma pequena variação da duração do dia ao longo do ano. Cerca de 90 % da variância total da agressividade é explicada pelos fatores ambientais e filogenéticos. As variáveis ambientais, isoladamente, não exercem efeito no Deserto&nbsp;e na&nbsp;Savana.&nbsp;A história evolutiva apresenta um efeito mais forte na Savana. Este resultado pode ser explicado pela história biogeográfica deste bioma localizado em Madagascar e Austrália, sendo responsável pela presença de grupos endêmicos fortemente agressivos (ex. lêmures). Por outro lado, o efeito combinado da história filogenética e contexto ambiental parece ser o principal&nbsp;mecanismo modulador da agressividade&nbsp;na Floresta e no Deserto, evidenciando a influência das bases genéticas e ambientais no nível de agressividade assim como qualquer outro fenótipo. Nossos resultados evidenciam pela primeira vez o padrão global de agressividade e os possíveis mecanismos ecológicos e evolutivos.</p>

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Palavras-chave

<p>Comportamento animal; Fotoperíodo; História Filogenética; Macroecologia; Recurso Alimentar.</p>

Financiamento

<p>COPES&nbsp;e&nbsp;CNPq&nbsp;</p>

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Mayane Alves Andrade, Diene Oliveira Santos, Guilherme Gerhardt Mazzochini , Pablo Ariel Martinez