X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

INVENTARIO DE MAMIFEROS TERRESTRES NAO-VOADORES DA AREA DE PROTEÇAO AMBIENTAL (APA) DO CATOLE E FERNAO VELHO, MACEIO, ALAGOAS, BRASIL

Resumo

Os mamíferos são fundamentais para a manutenção e recuperação do equilíbrio florestal, desempenhando papel importante como predadores de ovos, pequenos vertebrados, sementes e invertebrados, além de serem presas de repteis, aves e outros mamíferos. Atualmente, no Brasil são conhecidas 701 espécies de mamíferos, na qual cerca de 300 espécies possuem distribuição para a Mata Atlântica e 55 espécies são endêmicas. Estas espécies vêm sendo prejudicadas com os processos de fragmentação que ocorrem na Mata Atlântica, ocasionando a redução de comunidades e possíveis extinções locais. O presente estudo teve como objetivo inventariar os mamíferos terrestres não-voadores presentes na Área de Proteção Ambiental (APA) do Catolé e Fernão Velho. Esta área fragmentada configura-se como uma Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável, sendo o maior remanescente de Mata Atlântica da cidade Maceió. A APA (9º33’24.70”S e 35º37’53.43”W) apresenta fitofisionomia de Floresta Ombrófila nas encostas e em sua maior extensão, com tabuleiros de manchas de Cerrado recobrindo os platôs, além de mananciais e áreas descaracterizadas em decorrência da expansão urbana (em especial a pressão imobiliária) e com atividade de cultivo de cana-de-açúcar. As amostragens foram realizadas utilizando três metodologias distintas: (1) linhas de armadilhas (live traps) do tipo Sherman e Tomahawk, composta por 20 estações de captura distantes 10m, totalizando um esforço amostral de 160 armadilhas.noite, para verificar a diversidade de pequenos mamíferos não-voadores; (2) armadilhas fotográficas (camera traps) para registrar diversidade de mamíferos de médio porte; e (3) busca ativa realizada de maneira não sistemática durante os períodos matutino  e noturno, para visualização de mamíferos em geral, bem como seus vestígios. Foram registradas 12 espécies de mamíferos distribuídas em seis Ordens: Didelphimorphia - Didelphis albiventris, Gracilinanus agilis, Marmosa murina e Marmosa demerarae; Cingulata - Família Dasypodidae (espécie indeterminada de tatu); Pilosa - Bradypus variegatus; Primates - Callitrix jacchus; Carnivora - Cerdocyon thous, Eira barbara e Procyon cancrivorus; e Rodentia – Dasyprocta prymnolopha e Coendou speratus. Foi registrada uma nova localidade de ocorrência para C. speratus (9º32’17.75”S e 35º48’23.55”W), o qual foi encontrado na área de mancha de Cerrado da APA. Vale ressaltar que esta espécie é endêmica do Centro de Endemismo de Pernambuco e classificada como EN (em perigo) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção de 2014. A espécie mais abundante foi C. jacchus representando 20% (n=4), seguida de C. thous com 15% (n=3). D. albiventris, C. jacchus, C. thous e P. cancrivorus apresentam grande plasticidade ecológica, sendo até certo ponto resistentes a urbanização. Já as espécies G. agilis, M. murina, M. demerarae, B. variegatus, C. speratus que possuem hábitos arborícolas e a espécie E. barbara, de hábito terrestre, estão mais associadas a ambientes florestais, o que torna essas espécies extremamente sensíveis à fragmentação e à destruição destes ambientes. Apesar do baixo esforço amostral, a riqueza de espécies amostrada demonstra a importância deste remanescente urbano. Sugere-se um estudo mais aprofundado dentro da área, com maior esforço amostral, a fim de se obter melhores resultados para a criação de um programa de conservação e manejo adequado à APA.

Palavras-chave

Mastofauna, Mata Atlântica, Fragmento Urbano.

Área

Inventário de Espécies

Autores

Lucas Augusto Santos Silva, Anna Ludmilla Costa-Pinto, Marco Antônio Camargo-Borges, Thainá Lessa Pontes Silva, Hermínio Alfredo Leite Silva Vilela