Dados do Trabalho
TÍTULO
A importância de um dermestério na preservação de mamíferos em coleções: uso e preservação
Resumo
Um bom método para a limpeza de esqueletos com finalidade de estudos taxonômicos é a utilização de colônias de besouros do gênero Dermestes (Coleoptera, Dermestidae). Dermestes são insetos que se alimentam de restos de animais em decomposição, aproveitando de todo o tecido da carcaça, deixando o esqueleto. Dessa forma, são muito utilizados em coleções científicas para limpeza do material biológico coletado para estudos taxonômicos. Entretanto, podem se tornar pragas se não forem tomados os devidos cuidados com o seu manejo, infestando coleções e destruindo os materiais depositados. Outro fator é a manutenção destes insetos em cativeiro, uma vez que são muito sensíveis à temperatura e predação por outros organismos. O Laboratório de Mastozoologia do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa (MZUFV) possui um dermestério com várias colônias isoladas, mantida por mais de dez anos. O objetivo desse trabalho é mostrar como é feita a manutenção e organização do dermestério do MZUFV, indicando os procedimentos adequados desde a coleta e preparação de exemplares até a organização do material limpo. Visamos demonstrar e comparar a viabilidade e praticidade do dermestério em relação aos outros métodos de limpeza, como a maceração, fervura e raspagem de esqueletos, que são técnicas mais demoradas e menos práticas, que podem danificar e ocorrer perdas maiores do material. É imprescindível que o ambiente onde se localiza o dermestério fique em uma sala separada e distante da coleção científica. A temperatura deve ser controlada por aquecedor e mantida em torno de 28°C a 32°C, com luminosidade baixa. As colônias de Dermestes são separadas em aquários numerados, com revestimento de algodão que servirá de abrigo para as larvas e adultos dos insetos. O material biológico a ser limpo deve ser devidamente identificado com etiquetas contendo o número de campo/tombo. Esse material é colocado em um pote de vidro, também identificado, para evitar que os ossos se espalhem pelo aquário. Antes de ser depositado no dermestério, este material biológico deverá passar por vários processos. Inicialmente deverá ser imerso em álcool 70% por no mínimo um dia (pode variar com o tamanho da amostra), onde posteriormente será lavado em água corrente e secado em estufa para eliminar o excesso de álcool, e depois sendo exposto a um desumidificador para completa secagem do material. Após esses procedimentos, o material é encaminhado ao dermestério, e devidamente separados e catalogados para sua a limpeza. Todos os dados dos exemplares e as datas de entrada e saída constam no Livro de Registro do Dermestério. Os laboratórios de Herpetologia e Ornitologia também fazem uso do dermestério. O MZUFV também fornece constantemente larvas de Dermestes e limpeza de materiais para outras instituições científicas, sendo o dermestério do MZUFV referência devido ao seu tempo de funcionamento, tamanho e algumas metódologias utilizadas em comparação a outros dermestérios. Concluímos que é uma peça fundamental na dinâmica das coleções do MZUFV, em especial para a Coleção de Mastozoologia, pois boa parte do acervo de mais de 4.000 exemplares, foi limpo utilizando as larvas destes besouros.
Palavras-chave
besouros, dermestes, coleção científica, preparação esqueletos.
Área
Sistemática e Taxonomia
Autores
Ygor Bibiano de Souza Moura, Gisele Lessa, Flávio Augusto da Silva Coelho, Sarah Fontes Reis, Bianca Souza Araújo Adão