X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PADRÃO TEMPORAL E A INFLUENCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS NAS FATALIDADES DE QUIRÓPTEROS EM UM COMPLEXO EOLICO NO SUL DO BRASIL

Resumo

<p>No Brasil a demanda energética criada pelo desenvolvimento econômico tem transformado de forma rápida e intensa a paisagem natural, não só com a energia eólica mas também com outros tipos de empreendimentos. Estas mudanças em um ambiente que possui uma megadiversidade devem ser acompanhadas de estudos que descrevam e possam predizer os efeitos destas alterações nos ecossistemas, embasando esforços para a redução dos impactos e conservação das espécies. Neste contexto, a fim de analisar a relação entre as fatalidades de quirópteros em um Complexo Eólico no Rio Grande do Sul-BR e seus padrões espaciais e temporais, entre 2014 e 2018 foram realizadas mensalmente, transecções circulares em busca de carcaças no entorno de 129 torres eólicas. Durante as buscas, as fatalidades constatadas foram registradas juntamente com o número da torre e a distância de cada carcaça encontrada até a base da torre. Todas as carcaças foram identificadas ao menor nível taxonômico possível e posteriormente foram removidas para evitar recontagens. As informações sobre as mortes foram analisadas primeiramente em conjuntos anuais, utilizado o teste de Friedman e posteriormente foram separadas sazonalmente para compreender a influência das diferentes classes de uso do solo sobre o padrão espacial observado. Para investigar a relação dos índices de atividade com o clima foi utilizado o monitoramento acústico da comunidade de morcegos para gerar GLMs com distribuição Poisson, utilizando variáveis climáticas como variáveis preditoras. Foi utilizado o Critério de Informação de Akaike de segunda ordem (AICc) e o coeficiente de determinação (R2) para assim ranquear e selecionar os modelos, comparando modelos com todas as combinações possíveis das variáveis preditoras. Ao final de 48 meses foram registradas 266 carcaças pertencentes a seis espécies de morcegos insetívoros. Os resultados demonstraram a predominância de <em>Tadarida brasiliensis</em> entre as fatalidades, além do primeiro registro de morte de espécimes do gênero <em>Eptesicus</em> em torres eólicas. Os dados também revelaram que as mortes ocorrem exclusivamente entre outubro e maio e que as torres eólicas mais próximas do centro urbano concentraram maior número de mortes. A série temporal de mortes de quirópteros revelou uma maior frequência no primeiro ano (69%), seguida de redução nos dois anos seguintes e um pequeno aumento no quarto ano de monitoramento. Os modelos curiosamente revelaram uma relação positiva da atividade em relação a velocidade dos ventos. De acordo com os dados obtidos os melhores cenários possíveis para a instalação de novos parques seriam locais com distância superior a 4 Km de centros urbanizados, com predominância de campos. Deste modo, a proposta de mitigação mais importante para as mortes de morcegos na região do estudo é a programação das torres para a parada em noites com certas condições climáticas, que devem estar baseados em critérios mínimos como o intervalo ideal de temperatura (15°C – 22°C) onde ocorre 83% da atividade e a distribuição sazonal das mortes, aplicando as medidas principalmente nos meses mais críticos, entre dezembro e março.</p>

Palavras-chave

<p>Monitoramento ambiental, Mitigação, Morcegos</p>

Financiamento

Área

Biologia da Conservação

Autores

Izidoro Sarmento do Amaral, Maria João Ramos Pereira, Aurelea Mader, Marlon Ferraz, Jessica Bandeira Pereira, Larissa Rosa de Oliveira