Dados do Trabalho
TÍTULO
INFERENCIAS FILOGEOGRAFICAS PARA ABRAWAYAOMYS RUSCHII CUNHA & CRUZ, 1979 E BLARINOMYS BREVICEPS (WINGE, 1887) (RODENTIA, SIGMODONTINAE): UMA HIPOTESE DE DIVERSIFICAÇAO PARA A ZONA DA MATA MINEIRA
Resumo
A distribuição e a elevada diversidade genética de pequenos mamíferos não-voadores na Mata Atlântica são atribuídas, entre outros fatores, às oscilações climáticas do Quaternário Tardio e barreiras geográficas. Entretanto, há controvérsias sobre a influência desses agentes na formação da biodiversidade atual. Objetivou-se investigar a ocorrência de estruturação genética nas populações dos roedores Abrawayaomys ruschii e Blarinomys breviceps, considerando a adição de amostras de uma região heterogênea da Mata Atlântica, como a Zona da Mata Mineira. Para as análises, foram utilizadas sequências do GenBank do gene mitocondrial citocromo b combinadas com as aqui geradas, provenientes do município de Alto Jequitibá, Minas Gerais. O DNA foi isolado de tecido hepático pelo protocolo fenol/clorofórmio, amplificado por PCR, purificado e sequenciado. Foram realizadas estimativas de distância genética com o modelo Kimura-2-parâmetros (MEGA 7.0), filogenias (PhyML 3.0), redes de haplótipos (NETWORK 5.0) e teste de Mantel (MATLAB). As análises para A. ruschii revelaram dois clados principais, o primeiro com espécimes de localidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, localizadas ao sul do rio Doce, e o segundo com espécimes de localidades de Minas Gerais. Nesse segundo clado há um indivíduo ao norte das nascentes do rio Doce, onde, portanto, o rio não atua como barreira ao deslocamento. Apesar do esforço de amostragem ter sido na região ao norte do rio Doce e o valor de suporte deste clado ser moderado, ainda há sugestão da atuação do rio como barreira. Abrawayaomys ruschii é uma espécie pouco capturada, o que reflete no número reduzido de amostras disponíveis para análises genéticas robustas. Os dados aqui relatados possibilitam apenas o início das discussões filogeográficas para a espécie. Para B. breviceps foram revelados dois clados bem suportados, mas com a estruturação inconsistente com a presença do rio Doce, ao contrário de trabalhos anteriores, já que indivíduos ao sul se agruparam com espécimes ao norte, apontando que o Rio não atua como barreira efetiva para o fluxo gênico. Ademais, as estimativas de distância genética para B. breviceps mostraram altos valores intraespecíficos, que, como mencionado em publicações anteriores, sugere a necessidade de reavaliações taxonômicas. O teste de Mantel indicou relações positivas entre a distância genética e distância geográfica, ou seja, os padrões observados podem ser resultado de isolamento por distância entre as populações. Para complemento desses resultados, avaliações para cadeias de montanhas e outras barreiras, utilizando Barrier, Structure e isolamento por resistência, estão sendo realizadas.
Palavras-chave
Biogeografia, Hipótese de barreiras, Roedores raros, Zona da Mata Mineira
Área
Biogeografia/Macroecologia
Autores
Maria Clara Santos Ribeiro, Michel Barros Faria, Jânio Cordeiro Moreira, Cibele Rodrigues Bonvicino