X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MAMÍFEROS DO PIAUI: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO E STATUS DE CONSERVAÇÃO

Resumo

<p>O estado do Piauí é coberto pelos biomas Cerrado e Caatinga e abriga uma diversidade de áreas ecotonais e de transição (cerrado/caatinga, floresta semidecídua/cerrado, vegetação litorânea e florestas de babaçu do Maranhão). Apesar da variedade de ambientes, o conhecimento biogeográfico sobre a mastofauna do Piauí é escasso e preocupante, frente a recente expansão da fronteira agrícola e de projetos de mineração no Estado. Este trabalho tem como objetivo levantar a diversidade de espécies de mamíferos terrestres, classificar o estado de conservação das espécies, avaliar o padrão de distribuição no território e identificar as principais causas das ameaças. Primeiramente foi elaborada uma lista geral com base nos estudos: Oliveira et al. (2003), Paglia et al. (2012) e Carmignotto et al. (2012, 2017). Em seguida, os dados foram refinados usando a base de dados da IUCN. A confirmação das espécies foi feita usando dados georreferenciados de ocorrência obtidos mediante a consulta de bancos de dados online GBIF, &nbsp;SpeciesLink e literatura, usando software QGis. A revisão da taxonomia seguiu as principais publicações para cada ordem. &nbsp;Foram encontradas 59 espécies de mamíferos terrestres através de 463 registros na literatura, 12 no GBIF e 9 no SpeciesLink distribuídas nas ordens: (21) rodentia, (14) carnívora, (6) primates, (5) didelmorphia, (5) cingulata, (5) artiodactyla, (2) pilosa e (1) lagomorpha. Do total de registros, 47 estão localizados na Caatinga (CA), 32 em Florestas de babaçu do Maranhão (FBM), 30 no Cerrado (CE) e 21 na Mata Atlântica Seca (MAS). As áreas ecotonais são notórias na distribuição, onde 38 espécies foram registradas em mais de um ecótono e 15 que apresentaram distribuição restrita a apenas um deles, 10 (CA) e 5 (FBM). Nessas áreas estão também os registros de três espécies ameaçadas (<em>Priodontes maximus</em>, <em>Tayassu pecari</em> e <em>Blastocerus dichotomus</em>) e são locais com forte pressão antrópica. &nbsp;A avaliação das categorias da IUCN e do MMA mostraram 10 espécies como Vulnerável (VU), três Em perigo (EN) e quatro foram classificadas com Quase em perigo&nbsp; (NT), três como Dados insuficientes (DD) e as demais (41) como Pouco preocupante (LC). Apenas uma espécie não foi avaliada pelo MMA (<em>Marmosa demerarae</em>). Os critérios de ameaça mais frequentes foram redução populacional &nbsp;(A1 a A4) , seguido de população pequena, fragmentação do habitat e declínio populacional (C1 a C2). As principais causas foram à perda do habitat, expansão agropecuária, desmatamento, queimadas, a crescente massa urbana, mineração; e como fatores diretos a caça, os atropelamentos devido à ampliação da matriz rodoviária e as doenças causadas por carnívoros domésticos. Pode se concluir que a mastofauna do Piauí é bastante diversa. A distribuição das espécies ocorreu nos diferentes tipos de vegetação, com predomínio em áreas ecotonais. Existe uma concentração de esforço amostral principalmente no sul do Piauí e lacunas de conhecimento fora de unidades de conservação. Os padrões de distribuição contribuem para o desenvolvimento &nbsp;de políticas públicas para proteção, conservação e prevenção de ameaças aos &nbsp;mamíferos com maior risco de extinção no estado do Piauí.</p>

Palavras-chave

<p>nordeste, mastofauna, IUCN, conservação, biogeografia</p>

Financiamento

<p>CNPq (ICMBio/FAPs nº18/2017)</p>

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Jéssica Carvalho de Souza, Kelly da Trindade Oliveira, Liana Mara Mendes de Sena