X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESTRUTURA DA COMUNIDADE E DISTRIBUIÇAO DE PEQUENOS MAMÍFEROS NO GRADIENTE DO ALTO CURSO DO RIO PARAGUAI, SUDOESTE DE MATO GROSSO, BRASIL

Resumo

Em florestas tropicais, mamíferos terrestres constituem comunidades com significativa diversidade, desempenhando um papel relevante nestes ecossistemas atuando como dispersores de sementes e reguladores da cadeia trófica. Fatores como heterogeneidade e complexidade ambiental determinam a estrutura de habitats, influenciando a comunidade de pequenos mamíferos (marsupiais e roedores). Para compreender a estrutura espacial das comunidades dentro das regiões, o conceito de metacomunidade fornece elementos para avaliar a organização de espécies ao longo de gradientes ambientais.  Neste contexto, analisamos a estrutura da comunidade de pequenos mamíferos da mata ripária do alto curso do rio Paraguai. Avaliamos a riqueza, abundância, composição e distribuição de espécies de pequenos mamíferos. Estabelecemos seis módulos de amostragem, cada um com quatro pontos ao longo de 200km de extensão na mata ripária do alto curso do rio Paraguai, totalizando 24 áreas de amostragem. O esforço amostral foi de 12.960 armadilhas x noite de armadilhas convencionais (Sherman e Tomahawk) e 2.592 baldes x noite (pitfall). As amostragens foram realizadas no período de estiagem de julho a novembro de 2017, e julho de 2018. A ANOVA foi utilizada para avaliar variação na riqueza e abundância de espécies entre as áreas. A composição de espécies foi avaliada com NMDS e a distribuição de espécies avaliada por meio da análise dos elementos estruturantes de metacomunidade - EMS. Capturamos 414 indivíduos de 21 espécies, (11 marsupiais e 10 roedores). Destes 167 foram marsupiais das espécies: Caluromys lanatus, Didelphis albiventris, Didelphis marsupialis, Gracilinanus agilis, Marmosa demerarae, Marmosa murina, Marmosops bishopi, Marmosops ocellatus, Marmosops sp., Monodelphis domestica e Philander opossum. E 247 roedores pertencentes as espécies: Calomys callosus, Holochilus chacarius, Hylaeamys megacephalus, Necromys lasiurus, Oecomys mamorae, Oecomys roberti, Oligoryzomys mattogrossae, Ctenomys nattereri, Thrichomys pachyurus, Sciurus spadiceus. A riqueza (ANOVA, F (5,18) =4,164; p= 0,01) e abundância de espécies variou significativamente entre as áreas amostradas (ANOVA, F (5,18) =3,005; p=0,03). A análise dos elementos de metacomunidades – EMS revelou que neste gradiente as espécies apresentam um padrão de distribuição semelhante à estrutura quase aninhada, considerando os valores de coerência ( Z=5,35; p=0,0002), turnover ( Z=-1,10; p=0,26) e boundary (Index= 1,68; p= 0,001), com perda de espécies agrupadas nos diferentes módulos. Estes resultados não sugerem uma perda direta de espécies no gradiente montante - jusante, ou vice e versa. Mas que a não ocorrência de uma determinada espécie não acontecerá de forma individual, mas em associação com outras espécies. A análise de composição (Stress 0.17; R² = 0,97) demonstrou similaridade entre quase todas as áreas, exceto das áreas localizadas na estação ecológica de Taimã. Fato associado a captura da espécie Oecomys mamorae exclusivamente neste módulo, em alta abundância. O padrão de distribuição de espécies no gradiente ambiental é possivelmente reflexo da limitada capacidade de dispersão dos pequenos mamíferos. Além de evidenciar que pequenos mamíferos ao longo do gradiente planalto - planície do alto curso do rio Paraguai respondem coletivamente a mudanças ambientais. Desta forma a conservação da vegetação ripária e áreas adjacentes contribuem para manutenção da diversidade biológica nesta região.

Palavras-chave

Amazônia, Cerrado, Pantanal, metacomunidade, marsupiais, roedores  

Financiamento

O desenvolvimento desta pesquisa foi possível por meio do projeto "Erosão da biodiversidade na bacia do Alto Paraguai: Impactos do uso da terra na estrutura da vegetação e comunidade de vertebrados terrestres e aquáticos", que conta com apoio financeiro  FAPEMAT (edital nº037/2016). Também agradecemos à equipe de campo do projeto "Erosão" e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de doutorado dos autores BRB e ACG, pelas bolsas de mestrado aos autores ODS, OMAN, APDB e TMC e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pela bolsa de mestrado do autor VDSA, e a bolsa de doutorado de JRM.

Área

Ecologia

Autores

Thatiane Martins da Costa, Thalita Ribeiro, José Vitor de Menezes Costa, Odair Diogo da Silva, Almério Câmara Gusmão, Vancleber Divino Silva Alves, Bruno Ramos Brum, Olinda Maira Alves Nogueira, Ana Paula Dalbem Barbosa, Jessica Rhaiza Mudrek, Maria Antonia Carniello, Áurea Regina Alves Ignácio, Claumir César Muniz, Dionei José Silva, Manoel dos Santos Filho