X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESTIMATIVA POPULACIONAL COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS

Resumo

A estimativa populacional é considerada um dos principais parâmetros para a conservação e manejo de espécies. Dados populacionais, como o tamanho e a densidade populacional, permitem avaliar e monitorar o status de uma população ao longo do tempo, especialmente aquelas sujeitas à constante interferência antrópica. Assim, estes dados contribuem para a identificação e o planejamento de ações prioritárias para a conservação. Dentre as ferramentas de conservação de maior importância estão os Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs). Os PANs são políticas públicas que visam implementar ações prioritárias para eliminar ou mitigar os impactos negativos às populações de espécies ameaçadas. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi verificar o uso efetivo das estimativas populacionais nos PANs, como fonte de informação para tomada de decisões e planejamento de estratégias para conservação das espécies. Para isso, foram analisados dez PANs publicados entre 2010 a 2018 que incluíram cetáceos e primatas, dois grupos taxonômicos com diversas espécies ameaçadas, e para os quais foram propostos o maior número de planos de ação. Nos planos já finalizados foi verificada a quantidade de estudos utilizados como referência sobre a estimativa populacional dos grupos em questão. Adicionalmente, foram analisadas as matrizes de planejamento de todos os PANs, a fim de identificar ações prioritárias específicas de levantamento populacional. Para cetáceos foram publicados quatro PANs, sendo três destes já finalizados. No total, 27 estudos populacionais foram utilizados como base para o planejamento e 14 ações prioritárias foram incluídas. No caso de primatas, seis PANs foram divulgados, com apenas dois já encerrados. Foram constatados 37 estudos populacionais e seis ações prioritárias. Os estudos populacionais utilizaram diferentes métodos de estimativa populacional, como o de transectos lineares, contagem direta do número de indivíduos, marcação e recaptura e monitoramento acústico passivo. Uma das ações prioritárias em comum entre primatas e cetáceos propôs definir um protocolo padronizado para estas estimativas, possibilitando, portanto, a comparação de populações ao longo do tempo e entre diferentes regiões. Nos PANs finalizados, estas informações permitiram a detecção de possíveis declínios populacionais, de lacunas de conhecimento para algumas espécies e de áreas prioritárias para criação de unidades de conservação. Ainda, nos PANs de primatas, possibilitou a implementação de corredores ecológicos entre fragmentos florestais, auxiliando o fluxo genético e o estabelecimento e manutenção de populações viáveis. Além disso, as estratégias para conservação incluíram o levantamento e monitoramento das populações, especialmente em regiões sob grande impacto ambiental, como em áreas de construção de hidrovias e portos, de exploração de petróleo e gás e áreas sob Concessão Florestal. Estas ações tiveram o propósito de contribuir para o manejo das espécies nas regiões impactadas e para a elaboração de diretrizes que visam a prevenção, mitigação e compensação desses impactos. Portanto, foi constatado que estudos populacionais realizados de forma sistemática e a longo prazo constituem a base para a avaliação das populações de espécies ameaçadas, assim como permitiram a elaboração de estratégias de conservação nos PANs finalizados e possibilitam um melhor direcionamento para os PANs atuais.

Palavras-chave

Levantamento populacional, monitoramento, conservação, cetáceos, primatas

Área

Biologia da Conservação

Autores

Rafaela Lumi Vendramel, Adriana Vieira Miranda