X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

INFLUENCIA DO GRADIENTE ALTITUDINAL NA COMPOSIÇAO DA FAUNA DE PEQUENOS MAMIFEROS NAO VOADORES NA MATA ATLANTICA

Resumo

<p>A Mata Atlântica é o bioma que abrange o maior gradiente altitudinal no Brasil, com sete dos maiores picos nele localizados, e o Espírito Santo contempla toda essa variação altitudinal. Foram selecionadas áreas entre 0 a 3000 m, divididos em intervalos de 500 metros de altitude, para se investigar se há relação entre a composição da fauna nesses diferentes gradientes altitudinais. Para tal, foi realizado um levantamento em duas áreas: Parque Estadual do Forno Grande (PEFG) e o Parque Estadual da Mata das Flores (PEMF), além de dados disponibilizados na literatura científica e em bancos de dados de coleções zoológicas. Foram calculados a riqueza, a frequência relativa, os índices de diversidade e similaridade entre as espécies para cada intervalo de altitude e entre as Unidades de Conservação (UCs). Adicionalmente, foi calculado o Coeficiente de Semelhança Biogeográfico (CSB) para os intervalos altitudinais e para as UCs. O inventário de pequenos mamíferos no PEMF é inédito e demonstrou uma riqueza de apenas três espécies (H’ = 1,099). O levantamento realizado no PEFG apresentou riqueza de 17 espécies (H’ = 2,833). A riqueza total de espécies se concentrou em altitudes intermediárias (500-1000 m), seguido de 0-500m. Para marsupiais esse padrão se manteve, enquanto para roedores os maiores índices de riqueza foram registrados entre 500-2000 m. As maiores diversidades foram encontradas entre 500-1000 m e entre 1500-2000 m. O gradiente entre 1000-1500 m apresentou valores menores de diversidade em relação aos intervalos limítrofes. A respeito da semelhança biogeográfica entre gradientes altimétricos as faixas com maiores coeficientes (CSB) foram aquelas adjacentes, principalmente as de maior altitude. Dentre às UCs, o maior CSB foi encontrado entre o PEFG (que se localiza em uma altitude intermediária). Se considerarmos as similaridades entre as diferentes faixas altitudinais, os gradientes mais elevados (2000-3000 m) foram àqueles mais divergentes. Entre as UCs, as áreas com altitudes médias e altas se agruparam à exclusão das áreas com baixas altitudes. Os elevados índices de riqueza, abundância e diversidade, tanto para marsupiais quanto para roedores, na altitude intermediária de 500-1000 m, resultam da sobreposição de ocorrência de táxons, com representantes característicos de baixadas e altas altitudes também nesse intervalo. A partir deste, à medida que se eleva a altitude, a riqueza e a abundância de marsupiais diminuem de forma quase linear até o limite de 1500-2000 m, enquanto a riqueza e a abundância de roedores persistem até o gradiente entre 2000-2500 m, quando então observa-se a queda mais pronunciada em riqueza. As maiores similaridades biogeográficas foram encontradas entre os gradientes mais elevados, devido provavelmente a uma fauna endêmica especialista ou, ainda, um reflexo do depauperamento de espécies em baixadas. Nota-se a substituição de fauna bem evidente entre 1500-2000 m, principalmente para espécies do gênero Akodon, Delomys, Oligoryzomys e Oxymcterus. Portanto, áreas de altitude pronunciada, assim como os táxons supracitados, podem atuar como um bom sistema no estudo e previsões temporais a respeito da interferência das alterações climáticas sobre a distribuição das espécies na Mata Atlântica.</p>

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Palavras-chave

<p>Gradiente altitudinal, rodentia, marsupialia, biogeografia</p>

Financiamento

<p>FAPES, CAPES, CNPQ</p>

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Victor Vale, Leonora Pires Costa