X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPLEMENTARIDADE DE METODOS DE AMOSTRAGEM DE MORCEGOS DE UMA FLORESTA DE TERRA-FIRME NA AMAZONIA CENTRAL

Resumo

 

Os inventários de morcegos são predominante conduzidos com o uso de redes de neblina. Contudo, este método é eficaz para capturar morcegos da família Phyllostomidae que representam 50% da fauna de morcegos neotropicais. As outras nove famílias, todos morcegos insetívoros aéreos, raramente caem nas redes e são melhores amostrados com os gravadores de ultrassom. O emprego de uma única técnica de amostragem gera uma lacuna de conhecimento da riqueza e distribuição das espécies de morcegos. Portanto, adicionar métodos complementares como os gravadores de ultrassom são imprescindíveis para um inventário mais completo. Nós realizamos o primeiro levantamento de espécies de morcegos da Reserva Ducke usando dois métodos complementares com o intuito de (a) investigar se a complementaridade de métodos de amostragem dos morcegos aumenta a riqueza de espécies; (b) comparar nosso inventário com outros levantamentos feitos na Amazônia; (c) analisar se a inclusão do método acústico aumenta o número unidades amostrais com registro da espécie de morcegos insetívoros aéreos. De 2013 a 2014, nós amostramos morcegos da Reserva Ducke localizada em Manaus usando gravadores de ultrassom e redes de neblina. Nós instalamos 8 redes de neblina em 48 parcelas das 18:00 as 00:00, totalizando 7056 horas-rede. Nós instalamos gravadores de ultrassom (Song Meter SM2+Bat) em 20 parcelas, cada gravador permaneceu de 4 a 5 noites consecutivas nas parcelas das 18:00 as 06:00 totalizando 1248 horas de gravação. Para comparar o número de espécies levantadas na reserva com outras áreas da Amazônia, nós obtivemos dados de levantamentos de morcegos através de buscas no Google acadêmico e no Web of Science. Nós usamos as palavras “bats” OU “chiroptera” E “Amazon”, “Amazonian”, “inventory” E “richness”, em português e espanhol também. Nós registramos 59 espécies de morcegos e cinco complexos acústicos na Reserva, sendo 43 espécies exclusivamente com redes de neblina e 9 espécies e 5 complexos com os gravadores. Encontramos 60 levantamentos de espécies feitos na Amazônia e 95% dos estudos usaram redes de neblina. Somente 15 estudos usaram mais de um método de amostragem e apenas o nosso estudo usou método acústico e redes de neblina não podendo fazer a comparação de riqueza com nenhum estudo encontrado. Quatro estudos foram amostrados com os gravadores, destes três usaram gravadores e busca de abrigos e um usou apenas os gravadores. Apesar do número baixo de levantamentos com métodos complementares, nós observamos que a riqueza de espécies registradas foi influenciada positivamente pela complementaridade de métodos. Todas as oito espécies de insetívoros aéreos registradas nas redes de neblina obtiveram mais registros em novas parcelas com a adição do método acústico. Saccopteryx bilineata foi a espécie que teve maior registros em parcelas novas na reserva (20 registros a mais). Nós reforçamos a necessidade de utilizar métodos complementares a fim de acessar a riqueza real da quiropterofauna amazônica. Além disso, nós notamos que a inclusão dos gravadores de ultrassom aumenta o número de registros de insetívoros aéreos em parcelas diferentes comparado com redes de neblina, buscando uma maior precisão de dados sobre a distribuição do grupo no local.

Palavras-chave

Levantamento; Redes de neblina; Gravadores de ultrassom; Riqueza

Financiamento

Centro de estudos integrados da Biodiversidade Amazônica/CENBAM, Programa de Pesquisa a Biodiversidade/PPBio, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas/FAPEAM e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/CAPES

Área

Inventário de Espécies

Autores

Giulliana Appel, Ubirajara Dutra Capaverde-Jr, Leonardo Queiroz de Oliveira, Lucas Gabriel do Amaral Pereira, Valéria da Cunha Tavares, Adrià López-Baucells, William Ernest Magnusson, Fabrício Beggiato Baccaro, Paulo Estefano Dineli Bobrowiec