Dados do Trabalho
TÍTULO
ANALISE DA HELMINTOFAUNA DE QUIRÓPTEROS DE UMA ÁREA PROTEGIDA DA AMAZÔNIA CENTRAL
Resumo
A Ordem Chiroptera constitui um dos grupos de mamíferos mais diversos, com cerca de 22% das espécies de mamíferos conhecidas. No Brasil, a Amazônia concentra a maior riqueza de morcegos, com 152 espécies registradas. O conhecimento acerca das espécies de endoparasitos desses morcegos e de aspectos da interação parasito-hospedeiro são relevantes, uma vez que os morcegos e os seus parasitos desempenham importantes papeis nos ecossistemas. Neste sentido, a pesquisa teve como objetivo identificar os helmintos de quirópteros que foram coletados na Reserva Extrativista do Baixo Juruá, Amazônia Central, através da parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, do Projeto Inventário da Diversidade de Mamíferos das Unidades de Conservação: RESEX do Baixo Juruá, RESEX Auati-Paraná, RESEX do Rio Jutaí, ESEC Juami-Japurá, ESEC Jutaí-Solimões e ARIE Javari-Buriti. Analisamos as relação das espécies de helmintos encontradas com as guildas dos morcegos: onívoros, insetívoros, frugívoros e hematófagos. A análise da helmintofauna foi realizada pelo Laboratório de Helmintologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foram necropsiados 14 quirópteros adultos, pertencentes a 12 espécies das famílias Phyllostomidae e Emballorunidae. Destes, oito indivíduos (57,14%), de 6 espécies, possuíam pelo menos um grupo de parasitos. Foram encontrados helmintos pertencentes aos Filos Platyhelminthes (Subclasses Digenea e Eucestoda), Acanthocephala e Nematoda. As prevalências apresentadas pelos diferentes grupos foram de 57,1% para os nematoides, 42,8% para os digenéticos, 28,6% para os cestoides e 7,1% para os acantocéfalos. A intensidade média e abundância média de infecção foram, respectivamente, 279,2/119,6 em Digenea, 11,2/6,4 em Nematoda, 5,7/1,6 em Eucestoda e 2,0/0,1 em Acanthocephala. Dentre os animais parasitados, todos apresentaram no mínimo uma espécie de nematoide e, em 75% deles foram coletados digenéticos. Observamos maior diversidade e abundância de helmintos em morcegos onívoros, onde encontramos representantes de todos os filos citados. Isto provavelmente está relacionado com a variedade de itens alimentares da dieta destes quirópteros, que incluem hospedeiros intermediários, como moluscos e insetos, para diversos parasitos. Nos insetívoros, nota-se expressivo número de digenéticos gastrointestinais e na espécie P. elongatus foram coletados acantocéfalos, um filo pouco diverso e prevalente como helminto de quirópteros. Não foi detectado nenhum helminto nos morcegos frugívoros e hematófagos, visto que os componentes de sua dieta não abrigam as formas larvais das espécies de parasitos. Com o andamento do estudo novos dados serão adicionados e isto poderá trazer novas informações relacionadas à relação parasito-hospedeiro.
Palavras-chave
Endoparasitos, Morcegos, Guildas, Phyllostomidae, Emballorunidae.
Área
Parasitologia/Epidemiologia
Autores
Mariana Schimit, Tamily Santos, Gerson Lopes, João Valsecchi, Cláudia Calegaro-Marques