X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

COMUNIDADES COM BAIXA RIQUEZA DE ESPECIES EXIBEM MAIOR COMPLEMENTARIDADE DE ESTRATEGIAS DE AQUISIÇAO DE RECURSOS

Resumo

<p>Comunidades biológicas são moldadas por mecanismos estruturadores que podem estar relacionados a variáveis ambientais ou aos atributos das espécies, dando origem a padrões de riqueza, abundância relativa e composição. O presente estudo teve por objetivo avaliar como a perda de espécies em comunidades de pequenos mamíferos interfere na a uniformidade funcional e taxonômica. Para isso, utilizamos localidades bem amostradas da base de dados proposta por Figueiredo et al. (2017), definidas por apresentarem ao menos 86% da riqueza esperada através de testes de suficiência amostral com estimadores não paramétricos de riqueza (Chao1). Para avaliar o efeito da perda de espécies na uniformidade funcional (FEve) e taxonômica (Shannon), atribuímos para cada espécie atributos de hábito alimentar, estrato de locomoção e massa corporal, assumindo que essas características refletem suas estratégias para adquirir e consumir recursos. Índices de diversidade funcional foram calculados para cada comunidade em ambiente R 3.3.0 a partir da função dbFD e foram realizadas regressões lineares para avaliar a resposta dos índices (FEve e Shannon) em relação a riqueza de espécies. Exclusões resultaram em 56 localidades bem amostradas que correspondem a um único remanescente da Mata Atlântica, totalizando 18.344 indivíduos (min = 18; máx = 2.082) de 101 espécies de pequenos mamíferos (min = 3; máx = 27). Testes através do programa SAM 4.0 não revelaram autocorrelação espacial para as variáveis selecionadas. Uma resposta linear negativa foi encontrada entre a FEve e a riqueza de espécies (r² = 0.22; p &lt; 0.001), onde comunidades com menos espécies tendem a exibir maior uniformidade funcional. FEve é um índice independente da riqueza de espécies que quantifica a regularidade com que o espaço funcional é preenchido pelas espécies, ponderado por sua abundância, diminuindo quando a abundância é menos uniforme entre as espécies (dominância) ou quando as distâncias entre as espécies são menos regulares no espaço funcional. Por outro lado, a relação entre a riqueza de espécies e a uniformidade de Shannon mostra uma forte resposta na direção contrária (r² = 0.68; p &lt; 0.001), revelando maior dominância taxonômica em comunidades com poucas espécies. Como ambos índices levam em consideração o quão uniforme é a abundância das espécies na comunidade, o índice de Shannon pode ser usado como medida controle para distinguir se valores de FEve refletem distâncias entre as funções apresentadas pelas de espécies coocorrentes (resposta na direção oposta) ou meramente pela uniformidade em suas abundâncias (mesma direção). Portanto, as respostas conflitantes entre esses índices refletem um cenário em que espécies coexistentes em comunidades com baixa riqueza e alta dominância tendem a exibir estratégias complementares de aquisição de recursos. Esse mecanismo de coexistência minimiza a sobreposição de nicho, de forma que a distância funcional entre as espécies coocorrentes deve ser espaçada o suficiente para que ocorram em um mesmo fragmento florestal, permitindo maior diversidade de espécies em uma comunidade local através do uso otimizado de recursos e complementaridade de nicho.</p>

Palavras-chave

<p>Mata Atlântica, Mecanismos estruturadores, Pequenos mamíferos, Uniformidade funcional.</p>

Financiamento

<p>CNPq (132758 / 2016-4)</p>

<p>PDJ - CNPq (150734 / 2015-8)</p>

<p>MCTIC / CNPq (465610 / 2014-5)</p>

Área

Ecologia

Autores

Edú Baptista Guerra, Marcos de Souza Lima Figueiredo, Carlos Eduardo de Viveiros Grelle