Dados do Trabalho
TÍTULO
REGISTRO DE OCORRENCIA E COMPORTAMENTO DE KERODON RUPESTRIS EM UMA AREA DE ECOTONO CAATINGA-CERRADO NO SUDOESTE DO ESTADO DA BAHIA.
Resumo
O mocó (Kerodon rupestris) é um roedor de médio porte pertencente à Subordem Hystricognathi. É um animal rupestre, endêmico da Caatinga, que se utiliza de locas de rochas como refúgio e ninhos. Devido a esse comportamento, e aos seus hábitos crepusculares, são animais muito difíceis de serem amostrados, sendo poucos os registros de ocorrência do mocó em estudos. Por se tratar de um roedor de tamanho considerável e sua carne possuir sabor muito apreciado pelas populações rural e urbana no Nordeste do Brasil, o mocó sofre em larga escala com constantes atividades de caça, que vêm reduzindo suas populações e faz o animal figurar na categoria de espécie vulnerável. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi registrar a ocorrência e o comportamento da espécie Kerodon rupestris em uma área de ecotono Caatinga-Cerrado do Parque Estadual da Serra dos Montes Altos (14°16′ e 14°39′S, 42°46′ e 43°46′O), no sudoeste do estado da Bahia. Para isso, o procedimento de coleta adotado foi a utilização de duas câmeras-trap (Suntek HC – 300A) instaladas em um lajedo onde previamente notou-se a presença de vestígios (fezes) de roedores. Os equipamentos foram acoplados em árvores, a uma altura de 30 cm acima do solo e configurados em modo foto para disparos por sensor de movimento a cada 10 segundos. O tempo de permanência das armadilhas fotográficas no ponto amostral (14°24′48″S, 42°46′25″O) foi de 30 dias. Foram realizadas 60 imagens no local. Os registros apontaram para a ocorrência de um grupo de mocós com aproximadamente 20 indivíduos de ambos os sexos, diferentes tamanhos e prováveis diferenças etárias. A análise detalhada da sequência de imagens demonstrou ainda a ocorrência de comportamentos afiliativos entre coespecíficos e agonísticos dos mocós com outras espécies como, por exemplo, um roedor de pequeno porte não identificado. O comportamento agonístico foi registrado em um momento de alimentação, onde um mocó tenta se aproximar de uma fonte de alimento, frutas utilizadas como iscas para condicionamento das câmeras, e é afastado. Para a unidade de conservação em questão, e para o estado da Bahia, até então não existia estudos que apontassem as interações ecológicas e comportamentais dessa espécie de mocó. Foi possível evidenciar no estudo que as áreas que esta espécie habita no Parque são restritas. Essa pequena distribuição pode ser resultante da redução de sua população para essa área de estudo ou devido a pouca disponibilidade de nichos habitacionais, compatíveis com seu comportamento de habitação em locas. No entanto, estudos mais detalhados devem ser realizados para comprovar essas hipóteses, bem como para descrever de maneira mais detalhada os comportamentos sociais e as interações ecológicas da espécie.
Palavras-chave
Mocó; Pesma; Roedor; Câmeras-trap; Conservação
Financiamento
Este trabalho contou com o financiamento interno da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), através de recursos do Departamento de Ciências Humanas (DCH), Campus VI.
Área
Etologia/Bem-estar animal
Autores
Kamila Santos Barros, Wesley Nunes de Almeida