X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

QUEM SAO E ONDE VIVEM OS SAGUIS DO PARQUE LINEAR DO RIBEIRAO DAS PEDRAS?

Resumo

No município de Campinas-SP, não tem sido encontrada a espécie endêmica de sagui, Callithrix aurita. Entretanto há registros recentes do sagui-do-nordeste (Callithrix jacchusC.j.), do mico-estrela (Callithrix penicillataC.p.) e híbridos destas duas espécies nos remanescentes florestais no meio urbano. Esse estudo foi realizado de janeiro de 2018 até junho de 2019 para identificar os grupos de saguis em um trecho de mata ciliar do município, o Parque Linear do Ribeirão das Pedras. Para isso, foi realizada a procura semanal dos saguis usando play-back e busca ativa. Foram identificadas as espécies de sagui, bem como o número de indivíduos e a composição sexo-etária dos grupos (sendo M=Macho e F=Fêmea). A área do Parque Linear foi dividida em três trechos (A-37.001 m2; B-22.577 m2; C-151.852m2), separados por avenidas. A área de cada grupo foi mapeada com GPS, seguindo o grupo e marcando pontos a cada 15 minutos, depois mapeados no Google Earth. Foram encontrados cinco grupos de saguis: Trecho A: 1 C.p. (M), 2 C.j. (M e F) de janeiro a fevereiro de 2018; 1 C.p. (M) e 1 híbrido (F) de dezembro de 2018 a janeiro de 2019; 2 C.p. (M), 1 C.j. (F) de maio a junho de 2019. Trecho B: 1 C.p. (F) e 1 C.j. (M) de fevereiro a março de 2018. Trecho C: 1 C.j. e 1 C.p. de maio a dezembro de 2018, e um filhote nascido em novembro de 2018. A fêmea abandonou o grupo em meados de janeiro de 2019, após 1 C.p. (F) e 1 C.j. (M) se juntarem ao grupo, atingindo a composição atual. Apenas o grupo do Trecho C usou o espaço durante todo o período de estudo, enquanto que o Trecho A foi ocupado por três grupos em períodos diferentes. O Trecho A tem conexão para uma fazenda, com uma área maior (521.701m2), acessível pelos fios elétricos atravessando a avenida, possibilitando a migração e troca de grupos no Trecho A, o que pode estar relacionado à maior área e à disponibilidade de alimentos. Embora os grupos encontrados sejam pequenos e fortuitos, é importante acompanhar sua dinâmica populacional, tendo em vista o impacto à flora e fauna local como espécies exóticas, além de possíveis conflitos com os moradores. Outro problema é a hibridização entre os saguis ali presentes, tendo em vista que todos os grupos possuem ambas espécies, C. jacchus e C. penicillata. Apesar do C. aurita não ser encontrado na região, as espécies exóticas de saguis podem ser transportadas por humanos para áreas de ocorrência de C. aurita, podendo gerar competição entre as espécies. Dessa forma, para impedir o crescimento populacional, estabelecimento na região e hibridização desses saguis, é necessário acompanhá-los e tomar medidas de controle, sendo uma das possibilidades o manejo (como vasectomia) desses animais. Por fim, a educação ambiental também pode ser outra medida para conscientizar a população local, a fim de evitar o transporte desses animais para outras áreas ou o fornecimento de alimentos que possam favorecer a permanência das espécies na região.

Palavras-chave

Exóticos, Urbanos, Primatas

Financiamento

Bolsa PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) - CNPq

Área

Ecologia

Autores

Joao Victor Amorim Verçosa, Eleonore Zulnara Freire Setz