Dados do Trabalho
TÍTULO
ATROPELAMENTO DE MAMIFEROS EM RODOVIAS DURANTE O PERIODO DE FERIAS ESCOLARES
Resumo
Uma das principais causas de perda da biodiversidade atualmente é a mortalidade de animais silvestres por atropelamento. As estradas e rodovias fragmentam o ambiente em que se encontram, colocando em risco espécies que não as consideram barreiras e atravessam esses locais a procura de áreas de vida, alimentação, etc. A colisão entre veículos e animais silvestres nas estradas e rodovias é considerada uma das principais fontes de impacto ambiental, tendo como consequência a redução no tamanho populacional das espécies, resultando em consequentes gargalos e aumentando o risco de extinção. No Brasil, é estimado que mais de 470 milhões de vertebrados são atropelados por ano. Este trabalho tem como objetivo apresentar um levantamento dos mamíferos atropelados em trechos de rodovias que ligam Lavras (MG) – Ribeirão Preto (SP) / Ribeirão Preto (SP) – Rio de Janeiro (RJ) / Rio de Janeiro (RJ) – Lavras (MG) durante o período de fim de ano (Natal e Ano Novo), onde há um aumento no fluxo de veículos, totalizando 1.602 km. (BR 381, BR 491, BR 267, BR 040, BR 265, MG 439, MG 449, SP 338, SP 333 e SP 340). Esses trechos foram percorridos nos dias 23/12/2016, 03/01/2017 e 15/01/2017, respectivamente. Foram registrados 42 mamíferos atropelados, sendo: Hydrochoerus hydrochaeris (4), Cerdocyon thous (1), Euphractus sexcinctus (2), Canis familiaris (5), Tamandua tetradactyla (2), Conepatus semistriatus (1), Chrysocyon brachyurus (1), Dasypus septemcinctus (2), Dasypus novemcinctus (3), não foi possível identificar alguns indivíduos em nível de espécie como Didelphis sp. (4), Dasypus sp. (2), Coendou sp. (1) e outros indivíduos foram categorizados como não identificados (14) devido ao avançado estado de decomposição ou do próprio impacto do atropelamento. Isto representa uma taxa de atropelamento de 0,026 animais/km sendo que outros estudos, por exemplo, apontam taxas como 0,012 animais/km (RS 135) e 0,045 animais/km (GO 060). As ordens com maiores registros foram as ordens Cingulata e Carnivora. Dentre os registros, se destaca a ocorrência do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), classificado como vulnerável (VU) de acordo com a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas e categorizada como quase ameaçada (NT) pela IUCN. Além disso, a espécie com maior número de registros foi o cão doméstico (Canis familiaris), talvez por conta da proximidade da rodovia com bairros adjacentes ou abandono desses animais nesses locais. Acreditamos que o elevado número de atropelamentos encontrado em nosso estudo tenha relação com o período amostrado, onde o fluxo de veículos nas estradas interestaduais aumenta consideravelmente, aumentando proporcionalmente as chances de atropelamento.
Palavras-chave
Mammalia, ecologia de estradas, taxa de atropelamento
Financiamento
CAPES/CNPQ
Área
Ecologia
Autores
Ana Beatriz Ligo, Luciano Carramaschi de Alagão Querido, Aretha Franklin Guimarães