X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

REGISTROS INEDITOS DE ONÇA-PARDA (PUMA CONCOLOR LINNAEUS, 1771) EM REMANESCENTES FLORESTAIS DO MUNICIPIO DE MACAE E NO PARQUE NACIONAL DA RESTINGA DE JURUBATIBA (RJ).

Resumo

A onça-parda é o felino ocidental silvestre com maior distribuição nas Américas, ocorrendo desde o Canadá até a região meridional da cordilheira do Andes. Contudo, a espécie é considerada ameaçada de extinção no Brasil e possui raros registros na Mata Atlântica. Sendo um predador de topo, sua alimentação é composta por presas de porte corporal variado e sua área de vida é relativamente extensa. Pouco se sabe sobre a abundância mínima de presas de médio a grande porte que um remanescente de Mata Atlântica deve apresentar para que haja registros de Puma concolor. No presente estudo, buscamos: (1) avaliar a abundância mínima de mamíferos de médio e grande porte necessária para a incidência de onça-parda em remanescentes de Mata Atlântica; (2) documentar a ocorrência inédita desta espécie no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (PNRJ) e demais fragmentos florestais em Macaé; e (3) avaliar como a mastofauna destas novas áreas de ocorrência no município de Macaé se qualifica em termos de abundância mínima de presas para ocorrência de onças-pardas. Registros de mamíferos de médio e grande porte foram obtidos a partir da compilação de dados de armadilhas-fotográficas feita por Lima et al. (2017), que contém 53.438 registros de 83 espécies, distribuídas em 170 localidades. Essa base de dados foi complementada com registros obtidos por nós no PNRJ e em quatro remanescentes florestais em Macaé, RJ (Pq. Mun. Atalaia, Faz. Severina, Faz. Santa Rita, Serra Malatesta). Estas amostragens, realizadas entre 2015 e 2018 com armadilhas-fotográficas, contaram com esforços de 4536, 343, 544, 325 e 556 câmeras-dia, respectivamente. As espécies foram classificadas em nove grupos funcionais com base na dieta, massa corporal, filogenia e distribuição (canídeos, exóticos, folívoros, herbívoros-arborícolas, herbívoros-grandes, herbívoros pequeno-médio-porte, mesocarnívoros, mirmecófagos e predadores de topo) e a abundância desses grupos em cada localidade foi calculada dividindo o número de registros pelo esforço-amostral. A importância destes grupos para a abundância da onça-parda foi avaliada por meio de seleção de modelos lineares generalizados (GLMs) baseada em critério de informação (delta-AICc<4), contendo a abundância de P. concolor como variável-resposta a 512 combinações de abundância dos nove grupos. Os grupos mais determinantes (>80% de importância) para a abundância da onça-parda foram os herbívoros-de-grande-porte (ex. capivaras e pacas) e a onça-pintada (Panthera onca). Dentre 114 locais onde há ocorrência de herbívoros grandes, 51% deles possuem registros de P. concolor, e dentre 19 localidades com ocorrência da P. onca, 74% apresentam ocorrência de onça-parda. Aproximadamente 33% das localidades na Mata Atlântica com P. concolor apresentam a mesma abundância de herbívoros grandes (entre 0.007 e 0.008 registro/câmeras-dia) que o PNRJ. Já para localidades com abundâncias de herbívoros grandes menores que a registrada no PNRJ, P. concolor ocorre em apenas 6% delas. Os resultados sugerem que a abundância de presas de P. concolor no PNRJ estão próximas da mínima necessária para ocorrência deste predador, e que sua ocorrência se torna muito mais rara em remanescentes com níveis de defaunação maiores do que o apresentado por esta localidade.

Palavras-chave

base de dados, armadilhas-fotográficas, fragmentos florestais

Financiamento

Área

Ecologia

Autores

Beatriz Memória, Jana Rangel Silveira, Mariana Sampaio Xavier, Danielle Bonatto, Pablo Rodrigues Gonçalves