Dados do Trabalho
TÍTULO
Panorama sobre o conhecimento da fauna de morcegos do Brasil após mais de sessenta anos de pesquisas (1954-2018): uma abordagem bibliométrica sistematizada
Resumo
As primeiras pesquisas específicas sobre morcegos no Brasil datam da década de 50 e desde então, em praticamente todas as regiões é observado aumento no número de trabalhos, com diferentes abordagens e aprimoramentos metodológicos. O objetivo do presente estudo foi apresentar o panorama do conhecimento científico sobre a fauna de morcegos para as diferentes regiões do Brasil. Para tanto foi realizada pesquisa sistematizada nas bases de dados eletrônicas Clarivate Analytics Web of Science (WoS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e Scopus, com os termos “Chiroptera” e “Brazil”, dentre os anos de 1954 a 2018. Além destas bases de dados, incluímos manualmente os dados dos manuscritos publicados na revista Chiroptera Neotropical, a qual não está indexada em nenhuma destas bases de dados. Utilizamos o software EndNote para retirar as duplicatas oriundas da junção dos dados das diferentes bases de dados. Após esse procedimento os artigos foram separados em 22 categorias, sendo que, aqueles que se encaixavam em duas ou mais foram contabilizados uma vez para cada uma delas. Foram registrados 1.115 artigos, assim categorizados: composição de assembleias e/ou distribuição (355); parasitos e/ou associações (163); epidemiologia (153); dieta (69); fisiologia, citologia e/ou bioquímica (67); genética (35); biologia reprodutiva (32); padrões de atividade mensal e/ou temporal (31); taxonomia, sistemática e/ou filogenia (31); utilização de habitat (30); morfologia (27); predação (27); ecologia de abrigos (22); conservação (19); ecolocalização (13); padrões de movimentação (12); método de amostragem (10); paleontologia (7); estrutura vertical (4); etnozoologia (3); licenciamento ambiental (3); ecologia de estradas (2). A Região Sudeste apresentou o maior número de trabalhos (518), seguida da Nordeste (269), Norte (208), Sul (193) e Centro-oeste (170). Por região, a categoria de “composição de assembleias e/ou distribuição” foi aquela com maior número de publicações no Sudeste (132); Nordeste (108), Norte (66), Sul (66) e Centro-Oeste (64). A segunda mais representativa diferiu, sendo para Sudeste, Norte e Nordeste a categoria “epidemiologia” (99, 44 e 39, respectivamente). Entretanto, para o Sul e Centro-oeste a segunda classe foi a de “parasitos e/ou associações” (29 e 32 respectivamente). A maior representação dos estudos com enfoque na composição da assembleia, para todas as regiões, sugere que ainda estamos em um processo descritivo da fauna de morcegos. Isso se justifica por ser uma linha de pesquisa recente, associado a grande diversidade de morcegos no Brasil. O melhor detalhamento do conhecimento no Sudeste deve-se ao histórico de pesquisas zoológicas realizadas por grandes centros de pesquisa, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os nossos resultados sugerem que as regiões brasileiras apresentem diferenças no panorama de conhecimento. Isso é corroborado por estudos anteriores que descrevem que o conhecimento sobre a distribuição e ocorrência de morcegos no Brasil é fragmentado. Identificar quais são os enfoques com maior ou menor número de publicações torna-se uma ferramenta importante para direcionar futuros estudos com morcegos no Brasil.
Palavras-chave
bibliometria, Chiroptera, quiropterofauna, revisão.
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – Edital 06/2016 - Termo de outorga 2017TR1706.
Área
Ecologia
Autores
Beatriz Fernandes Lima Luciano, Fernando Carvalho, Guilherme Elias, Jairo José Zocche