X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

FLUINDO COM O RITMO SAZONAL DA CAATINGA: USO DE RECURSOS E COMPOSIÇAO DE ESPECIES DE MORCEGOS NECTARIVOROS DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Resumo

<p>A precipitação escassa e variável de regiões áridas e semi-áridas afeta a composição de espécies de animais e plantas e suas histórias de vida. Nós estudamos a guilda de morcegos nectarívoros na Caatinga do Rio Grande do Norte (RN), com dados obtidos em 130 noites de captura com redes de neblina (das 17h30min às 24h00min) durante as estações seca e chuvosa, entre maio de 2016 e maio de 2019. Avaliamos a variação sazonal no uso de recursos e na composição de espécies de morcegos nectarívoros em seis tipos de habitat (Caatinga Média, Arbustiva, Riparia, Carnaubáis, Afloramentos Rochosos e Brejo de altitude), e em seis localidades (localidades mais próximas a 55 km). A guilda foi formada por cinco espécies com um total de 644 indivíduos capturados.&nbsp;<em>Glossophaga soricina</em> foi a mais abundante (n = 247) e apresentou a maior ocorrência (presente em 6 Localidades (L), 6 Tipos de Habitat (TH) nas duas estações, seguida de&nbsp;<em>Lonchophylla mordax</em> (n = 168, L = 5, TH=4). As duas espécies que apresentaram menor ocorrência foram&nbsp;<em>Xeronycteris vieirai</em>&nbsp;(n = 128, L = 1, TH = 2) e&nbsp;<em>Lonchophylla inexpectata&nbsp;</em>(n = 101, L = 1, TH = 2), enquanto&nbsp;<em>Anoura geoffroyi </em>foi a menos abundante (n = 5, L = 2, TH = 2) durante ambas as estações. O uso dos recursos foi abordado pela identificação do pólen coletado dos corpos dos morcegos (n = 518) e pela análise das amostras fecais (n = 147). Os morcegos nectarívoros utilizam ao menos 33 espécies de plantas ao longo do tempo, e mostraram riqueza similar de espécies de plantas utilizadas em ambas as estações, porem com diferenças na composição de espécies de plantas entre as estações. Os cactos (<em>Pilosocereus pachycladus</em> e <em>Pilosocereus gounellei</em>) junto com a&nbsp;<em>Cleome spinosa&nbsp;</em>(Cleomaceae) foram os recursos mais utilizados durante ambas as estações e para todas as espécies de nectarívoros. Sugerimos que a diversidade de Cactaceae pode estar influenciando a riqueza e composição de espécies de morcegos nectarívoros na Caatinga, já que na única localidade que foram capturadas as cinco espécies de morcegos nectarívoros foram habitats de Caatinga arbustiva onde dominavam as Cactaceaes (cinco espécies). Todas as espécies de morcegos nectarívoros (exceto <em>A. geoffroyi</em>) se alimentam de pólen, insetos e outros tecidos vegetais durante a estação chuvosa e seca, e apenas&nbsp;<em>G. soricina&nbsp;</em>incluiu frutos de cactus na sua dieta durante a estação chuvosa. Com este trabalho aprendemos que os morcegos nectarívoros ocorrem durante todo o ano e são capazes de acompanhar o ritmo sazonal da Caatinga&nbsp;utilizando uma estratégia de forrageio baseada em um grupo de espécies de plantas principais que são consumidas nas duas estações, e em outro grupo de plantas que são consumidas exclusivamente ou em diferentes intensidades em uma ou outra estação.&nbsp;Finalmente, nossos resultados destacam que a variedade de habitats encontrados na Caatinga pode estar estruturando a guilda de morcegos nectarívoros, onde&nbsp;<em>G. soricina</em> e&nbsp;<em>L. mordax</em> apresentaram ocorrência espacial mais ampla e&nbsp;<em>X. vieirai</em>,&nbsp;<em>L. inexpectata&nbsp;</em>e&nbsp;<em>A. geoffroyi</em> com ocorrência espacial mais restrita.</p>

Palavras-chave

<p>Floresta Tropical Sazonal Seca;&nbsp;Dieta ; Pólen;&nbsp;Cactaceae</p>

Financiamento

<p>CNPq Pesquisador Visitante Especial-PVE Projeto&nbsp;Ecologia e Conservação de Morcegos na Caatinga Potiguar 401467/2014-7; The Rufford Foundation&nbsp;Rufford Small Grant 24057-1</p>

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Área

Ecologia

Autores

Eugenia Cordero-Schmidt, Juan Carlos Vargas-Mena, Paulino Oliveira, Francisco de Assis R Santos, Rodrigo Antonio Medellin, Bernal Rodríguez-Herrera, Eduardo Martins Venticinque