X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

TOM E JERRY NA MATA ATLANTICA: A ATIVIDADE DAS PRESAS INFLUENCIA NA ATIVIDADE DOS GATOS SILVESTRES DA MATA ATLANTICA?

Resumo

Os padrões de atividade dos animais podem ser moldados tanto por fatores abióticos como temperatura, precipitação, luminosidade, quanto por bióticos, a exemplo, condições fisiológicas e disponibilidade de recursos alimentares. Dentro deste último grupo, as interações entre presas e predadores podem exercer importante papel na determinação destes padrões de atividade. A partir disso, o presente estudo buscou analisar se existe relação entre a atividade das presas e dos felinos silvestres (gênero Leopardus) em ambiente de Mata Atlântica no Sul do Brasil. O presente estudo foi realizado em um remanescente florestal no município de Treviso (28º29’20”S e 49º31’28”O – elevação 374m), o qual compõe a zona de amortecimento da Reserva Estadual do Aguaí. Para amostragem da atividade das potenciais presas e felinos foram instaladas 18 câmeras-trap, as quais permaneceram ativas durante 275 dias por 24 horas/dia. Todas foram configuradas para obter informações sobre o horário em que os registros foram obtidos, e o sensor de movimento ajustado no nível máximo, permitindo o registro de pequenos animais. Consideramos como potenciais presas roedores e marsupiais de pequeno porte. Para os felinos silvestres, dado o pequeno número de registros para cada espécie, foram unificados os registros de Leopardus guttulus, Leopardus wiedii e Leopardus pardalis, multiplicando-se esse por 10 para obter número maior. Para análise da atividade, o dia foi dividido em 24 períodos de uma hora cada, nos quais fez-se a contagem do número de registros de presas e felinos silvestres. Para determinar se presas e predadores apresentam segregação temporal na atividade horária utilizamos o teste de Rayleigh (Z). Já para testar se a atividade de presas foi relacionada a atividade dos felinos utilizamos o teste de qui-quadrado (χ2) para estatística circular. Ambas as análises foram realizadas no software Oriana, com nível de significância de 0,05. Foram obtidos 89 registros de felinos silvestres e 413 de potenciais presas. A distribuição horária dos registros dos felinos e de suas potenciais presas mostrou forte segregação temporal (Z=137,03, p<0,001 e Z=182,36 e p<0,001, respectivamente), ambos associados ao período noturno. Os felinos apresentaram picos de atividade as 19 e 22h, já para as presas os picos de atividade foram as 20 e 21h. Houve sobreposição entre a atividade horária dos felinos silvestres e de suas potenciais presas (χ2=194,51 e p<0,001). O padrão noturno de atividade dos felinos silvestres se manteve, assim como descrito para outras áreas, entretanto, houve registros em todos os horários do dia. A sobreposição da atividade dos predadores e suas presas, sugere que a interação predador-presa seja um dos fatores que molde os padrões de atividade horária de felinos silvestres na Mata Atlântica, assim como observado para outros carnívoros. Compreender quais fatores influenciam a atividade dos felinos silvestres poderá ser útil em projetos de manejo e conservação, por isso, estudos mais detalhados, com número maior de registros devem ser realizados.

Palavras-chave

Leopardus guttulus, Leopardus pardalis, Leopardus wieddi, câmeras-trap, Floresta Ombrófila Densa

Financiamento

Fundação do Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - Edital 06/2016 - Termo de outorga 2017TR1706

Área

Ecologia

Autores

Vanessa da Silva Domingues, Viviane Mottin, Isadora Del Magro Habold, Jairo José Zocche, Fernando Carvalho