X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

O ECOTONO, A DIVERSIDADE E A REDE: MORCEGOS NO PARQUE NACIONAL DE BOA NOVA-BA

Resumo

Ecótonos, zonas de transição entre biomas, têm grande importância para estudos de diversidade de espécies. O Parque Nacional de Boa Nova, Bahia possui vegetação de Caatinga, Mata Atlântica e um ecótono, composto por floresta estacional semidecidual, chamado de Mata-de-Cipó. O parque abriga uma mastofauna diversa, incluindo, morcegos, porém, a importância do ecótono para diversidade de Chiroptera na região é desconhecida. Com objetivo de comparar a diversidade e composição da quiropterofauna nessas três fitofisionomias de Boa Nova, foram estabelecidos nove pontos de estudo, sendo três em fragmentos isolados de cada fitofisionomia estudada. Entre janeiro e novembro de 2015, foram realizadas nove campanhas com três noites de coletas - uma em cada fitofisionomia. Para captura dos morcegos, foram utilizadas seis redes “mist-nets” (12mX3m), abertas das 18:00 às 00:00h. Os morcegos capturados foram identificados no local, e até cinco indivíduos da mesma espécie foram tombados na coleção científica LABISA/UESB, os demais eram marcados e soltos. Foi realizada ANOVA de blocos aleatórios para riqueza, abundância e Índice de Shannon-Wiener, considerando a tríade de coletas mensais como blocos e as fitofisionomias como fatores. A modularidade de Beckett foi calculada para a metacomunidade de morcegos, utilizando todas as espécies e somente espécies raras. Foram capturados 131 indivíduos de 15 espécies e três famílias. A família Phyllostomidae foi a mais diversa, com 123 indivíduos e 13 espécies, e Carollia perspicillata foi a espécie mais abundante (N=77). Na Caatinga houve uma riqueza média de 3,33 +/- 0,58 espécies, na Mata-de-Cipó 3,33 +/- 1,53 espécies e na Mata Atlântica 6,00 +/- 4,00 espécies, não havendo diferença na riqueza de espécies entre as fitofisionomias (F2,4=2,56; p=0,192). Para abundância, foram encontrados 6,00 +/- 2,64 indivíduos na Caatinga, 11,33 +/- 11,33 indivíduos na Mata-de-Cipó e 26,33 +/- 8,74 indivíduos na Mata Atlântica, sendo encontrada diferença entre as fitofisionomias (F2,4=8,87; p=0,034). Para o índice de Shannon, foram encontrados H’=1,05+/- 0,13 nits/indivíduo, na Caatinga; H’=0,85 +/- 0,14 nits/indivíduo e na Mata-de-Cipó e H’=1,13+/- 0,74 nits/indivíduo na Mata Atlântica, não sendo encontrada diferença entre as fitofisionomias (F2,4=0,50; p=0,639). A composição das espécies raras da quiropterofauna forma um módulo entre os pontos de Mata Atlântica e espécies fitófagas, enquanto os pontos de Mata-de-Cipó e Caatinga formam módulos mais difusos e maior variedade de guildas alimentares. A maior abundância de morcegos na Mata Atlântica não reflete no número de espécies, nem na diversidade de Shannon-Wiener. O aumento da abundância está favorecendo poucas espécies, em particular Carollia perspicillata que representa a maioria dos morcegos coletados. De fato, esta espécie é muito comum em Florestas Tropicais Úmidas e Boa Nova segue esse padrão. A metacomunidade das espécies raras, aponta para um conjunto faunístico de Mata Atlântica, sem a presença da Mata-de-Cipó, o que sugere que a Caatinga contribui melhor para a composição da fauna deste ecótono que a Floresta Atlântica.

Palavras-chave

Chiroptera, Mata Atlântica, Caatinga, Rede de Metacomunidade

Financiamento

Projeto financiado por edital interno de apoio a projeto de pesquisa Edital UESB 011/2014

Área

Ecologia

Autores

Willyam Róbson dos Reis Vieira, Jaqueline Ribeiro Paiva, Sandira Lacerda Esquivel, Thatiana Souza Andrade, Jéssica Santos Aguiar, Gerônimo Felipe Pereira Rios, Raymundo José Sá-Neto