X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

VARIAÇAO MORFOMETRICA DE VERTEBRAS LOMBARES EM ECHIMYIDAE (HYSTRICOGNATHI, RODENTIA)

Resumo

A família Echimyidae (ratos-de-espinho, hutias e ratão-do-banhado) iniciou sua diversificação no Mioceno e hoje compreende cerca de 100 espécies viventes, 28 gêneros distribuídos em 5 principais clados: Echimyini, Myocastorini, Euryzygomatomyinae, Carterodontinae, Capromyinae, os quais incluem linhagens fossoriais, ambulatoriais, arborícolas e semi-aquáticas, tornando-a a família de roedores caviomorfos com maior diversidade ecológica e riqueza de espécies. Deste modo, os equimídeos compõem um modelo promissor para compreendermos como fatores filogenéticos e ecológicos associados à locomoção interferem na evolução do esqueleto pós-craniano. Nos mamíferos, as vértebras lombares, em associação com uma musculatura especializada, são importantes para a sustentação, realização de movimentos de flexão e extensão do tronco, e transferência de forças da região sacro-ilíaca para a região anterior do corpo durante a locomoção. Portanto, hipotetizamos que as vértebras lombares dos equimídeos reflitam morfologicamente as diferentes demandas biomecânicas dos hábitos locomotores assim como sua história filogenética. Para testar esta hipótese, foram examinados 151 espécimes de 15 gêneros e 23 espécies. A penúltima vértebra lombar de cada espécime foi fotografada em vista lateral para ser submetida a análises de morfometria geométrica bidimensional. Após projetarmos 13 landmarks nas fotografias, realizamos uma Análise de Procrustes, seguida de uma Análise de Componentes Principais, para identificar os eixos de maior variação morfométrica. Em seguida utilizamos o método de K de Bloomberg em associação com a mais recente filogenia com o tempo de divergência mais completa a nível de espécie para testar a existência de sinal filogenético. O primeiro componente principal (PC1) explicou 39,5% da variação de forma. Ao longo de PC1 observou-se uma grande sobreposição entre os gêneros bem como entre principais clados de Echimyidae, sugerindo que a variação morfométrica não é fortemente estruturada pela filogenia. Em contraste, os hábitos arborícola e ambulatorial mostraram-se completamente diferenciados ao longo deste eixo, enquanto os fossoriais e semi-aquáticos apresentaram-se em uma região intermediária, o que indica a presença de um importante componente ecológico na estruturação da forma da vertebra lombar. Os grids de transformação de PC1 mostram que as espécies ambulatoriais se diferenciam das arborícolas principalmente por possuírem o espinho neural mais elevado dorso-ventralmente, estreito antero-posteriormente e projetado cranialmente. Estas características conferem aos ambulatorias uma maior amplitude no movimento de flexão-extensão do tronco, importante para a locomoção cursorial. Por outro lado, a condição oposta encontrada nos arborícolas restringe tal movimento, mas confere maior área para inserção muscular, importante para sustentação do tronco. Ao longo de PC2, que explicou 21,2% da variação de forma, houve uma grande variação intraespecífica e ampla sobreposição entre gêneros, entre os principais clados e hábitos locomotores. Estes resultados, em associação com os obtidos no grid de transformação, mostram que existe uma ampla variação intraespecífica no comprimento do processo acessório da vértebra lombar, sem evidente correlação ecológica. Com um valor de K=0,85 (p=0,001) obtido a partir das coordenadas de Procrustes, os resultados sugerem que há moderado componente filogenético na variação morfométrica da penúltima vértebra lombar em Echimyidae contrastando com importantes especializações locomotoras.


Palavras-chave

Caviomorpha, esqueleto axial, locomoção, lombar, ratos-de-espinho, ratão-do-banhado


Financiamento

CAPES (Bolsa de mestrado)


Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Thomas Furtado da Silva Netto, William Corrêa Tavares