X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

EFEITOS DOS FATORES AMBIENTAIS LIMITANTES DA DISTRIBUIÇAO SOBRE A VARIABILIDADE MORFOLOGICA DE MARMOSOPS INCANUS (DIDELPHIMORPHIA)

Resumo

<p>Fatores ambientais, como o clima e a produtividade local, afetam a ocorrência das espécies e podem limitar a sua distribuição geográfica. Em ambientes desfavoráveis para a ocorrência de uma espécie, a intensa filtragem ambiental, a maior sensibilidade às variações no ambiente e as maiores taxas de extinção local podem causar populações locais com baixa abundância, baixa diversidade genética e menor variabilidade fenotípica. A extensão da variação fenotípica dentro de uma população, i.e. a variabilidade fenotípica intraespecífica (VFI), está diretamente associada ao potencial de resposta da população frente à novas condições ambientais, e.g. mudanças no clima ou condições limítrofes da distribuição geográfica. Neste estudo identificamos os efeitos do clima e da produtividade local sobre a variabilidade morfológica das populações locais do marsupial neotropical, <em>Marmosops incanus</em>, ao longo da sua distribuição geográfica. O estudo testa duas hipóteses principais: (1) a VFI está positivamente relacionada com a adequabilidade ambiental, uma vez que processos como a filtragem ambiental são menos severos em ambientes com maior adequabilidade; e (2) as populações periféricas apresentam menor VFI se comparadas com as populações centrais da distribuição pois estão submetidas à condições ambientais limítrofes. A variabilidade morfológica foi mensurada a partir de 17 medidas cranianas, corrigidas pelo tamanho do crânio através da extração dos resíduos de regressões lineares, tomadas de espécimes machos de <em>M. incanus</em> adultos depositados nas principais coleções de mamíferos do sudeste do Brasil. As populações foram definidas por localidade com um número suficiente de espécimes coletados (n ≥ 5). Estimamos a extensão da VFI de cada população através da soma das variâncias de cada medida, cuja média e variância do conjunto total de espécimes foram previamente padronizadas. A adequabilidade ambiental foi estimada através de Modelos de Distribuição de Espécies, calibrados através do algoritmo de Máxima Entropia (Maxent), utilizando seis variáveis preditoras climáticas e uma de produtividade. As populações foram categorizadas em periféricas ou centrais com base na distância do centróide da adequabilidade, i.e. a menor distância (km) entre a população e a área que apresentou a maior adequabilidade. A relação entre a VFI e a adequabilidade foi testada através de regressões lineares, enquanto a diferença entre as populações periféricas e centrais foi testada através da análise de variância. Os resultados não indicam relação entre a VFI e a adequabilidade ambiental. Contudo, as populações periféricas apresentaram menores valores de VFI quando comparadas com as populações centrais. A hipótese de estudo foi, portanto, parcialmente suportada. Apesar da relação esperada entre a adequabilidade e a distância do centróide, a adequabilidade se apresentou heterogênea entre as populações centrais (e.g. baixa em altitudes elevadas). Os resultados indicam que populações próximas têm um papel importante na manutenção da VFI através da dispersão de indivíduos e que a baixa variabilidade das populações periféricas pode reduzir o potencial de adaptação às condições limítrofes e, consequentemente, à expansão da distribuição da espécie.</p>

Palavras-chave

<p>Adaptação local, Mata Atlântica, Marsupial, Modelagem de distribuição de espécies, Morfometria</p>

Financiamento

<p>O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.</p>

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Alan Gerhardt Braz, Marcos Souza Lima Figueiredo, Marcelo Moraes Weber, Carlos Eduardo Viveiros Grelle