Dados do Trabalho
TÍTULO
LEVANTAMENTO DE MASTOFAUNA DA ESTAÇAO ECOLOGICA DE TAPACURA EVIDENCIA A DEFAUNAÇAO DA MATA ATLANTICA NO CENTRO DE ENDEMISMO DE PERNAMBUCO
Resumo
As taxas atuais de perda da biodiversidade estão sendo impulsionadas por pressões antrópicas diversas que resultam em declínios populacionais rápidos, processo conhecido como defaunação. Em biomas megadiversos como a Mata Atlântica, a defaunação é exacerbada devido ao desmatamento e fragmentação dos hábitats, e representa grande ameaça para a conservação da biodiversidade, promovendo processos de extinções locais. Nesse sentido, conhecer a perda histórica de mastofauna e sua atual situação em áreas ameaçadas do bioma Mata Atlântica é de extrema importância. O presente estudo objetivou realizar uma revisão sistemática a partir de dados históricos e dados obtidos em campo sobre o estado de conservação da mastofauna do Centro de Endemismo de Pernambuco (CEP) através do método não-invasivo de armadilhamento fotográfico. O estudo foi conduzido na Estação Ecológica de Tapacurá, Unidade de Conservação (UC) situada no município de São Lourenço da Mata, Pernambuco, com área total de 776 hectares. Foram utilizadas oito estações amostrais com espaçamento de cerca de 350 metros para garantir independência dos registros, de forma a cobrir a área total da UC. Além disso, foi mensurada a detectabilidade de cada câmera através de detalhamento do seu raio de ação em zonas (Z1, Z2 e Z3) conforme distância do ponto-focal da armadilha. O esforço amostral totalizou 7,981 horas resultando em 250 registros independentes. Foram identificadas oito espécies de mamíferos terrestres nativos e respectivas frequências: Dasyprocta prymnolopha (57,6 %); Nasua nasua (22,8%); Callithrix jacchus (4%); Cerdocyon thous (4%); Cuniculus paca (3,6%); Leopardus pardalis (3,2%); Sylvilagus brasiliensis (0,8%) e Leopardus tigrinus (0,4%); além do introduzido Canis lupus familiaris (3,6%). Adicionalmente ao armadilhamento fotográfico, foram registradas através de visualização ocasional Hydrochoerus hydrochaeris e Bradypus variegatus. O tamanho médio das zonas de detectabilidade das armadilhas fotográficas foi de 1,48m na Z1, 2,76m na Z2 e a partir de 2,76m na Z3. A Z1 detectou 4% dos registros enquanto a Z2 obteve 34,4%, já a Z3 teve a maior taxa de sucesso com 61,6%. O padrão de atividade de algumas espécies foi identificado: D. prymnolopha quase todos os registros foram no período diurno (05:00-18:00 horas), L. pardalis no período noturno (20:00-04:00 horas) e C. paca no período crepuscular (18:00-1:00 horas). Das espécies historicamente documentadas para a ESEC Tapacurá, não foram registradas Panthera onca, Puma concolor, Alouatta belzebul, Sapajus flavius, Herpailurus yagouaroundi, Leopardus wiedii, Eira barbara e Tamandua tetradactyla. Sugere-se que algumas delas estejam localmente extintas, especialmente no caso dos grandes felinos e dos primatas. Já os mamíferos de pequeno porte podem não ter sido registrados no esforço amostral, porém ainda ocorrerem em pequenas
abundâncias. Entretanto, a presença de espécies introduzidas como o cão doméstico acelera o processo de defaunação local e representa mais uma ameaça à biodiversidade. A região do CEP historicamente sofreu muito com a pressão da caça das populações locais e provavelmente na região da ESEC Tapacurá foi o principal direcionador da atual biodiversidade presente no local. Documentar o processo de defaunação histórico do CEP pode ajudar significativamente em estratégias de conservação em áreas extremamente fragmentadas e ameaçadas da Mata Atlântica.
Palavras-chave
Armadilhas fotográficas, fragmentação, extinção local.
Financiamento
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnologico - CNPQ, Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE, Programa Pesquisa em Movimento - PRPPG/UFRPE.
Área
Inventário de Espécies
Autores
Déborah Maria Soares Ramos, Isabela Ribeiro Carlos, Felipe Pessoa Silva, Sybelle Montenegro Santos, Martin Alejandro Montes, Lucas Gonçalves Silva