X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PULSO DE INUNDAÇAO COMO ESTRUTURADOR DE COMUNIDADE DE PEQUENOS MAMIFEROS NA MATA RIPARIA DO RIO PARAGUAI

Resumo

 

A mata ripária do alto curso do rio Paraguai sofre inundações periódicas provocadas pelo pulso de inundação. Este processo contribui com o aumento da heterogeneidade ambiental. A maior oferta de habitats durante o período de contração do nível da água na mata ripária proporciona novos padrões de uso do espaço pela fauna local, incluindo pequenos mamíferos. Neste contexto, avaliamos a influência da estrutura da vegetação ripária (proporção de floresta, número de árvores, altura do dossel, DAP, área terrestre total) e de aspectos do pulso de inundação (nível da água e tempo de inundação) da mata ripária do alto curso do rio Paraguai sobre a diversidade de pequenos mamíferos. Estabelecemos seis módulos de amostragem, cada módulo era composto por quatro áreas, duas de cada lado do rio Paraguai. No total 24 áreas foram distribuídas ao longo de aproximadamente 200km na mata ripária entre a cidade de Barra do Bugres e Estação Ecológica de Taiamã. O esforço amostral foi de 12.960 armadilhas x noite (Sherman e Tomahawk) e 2.592 baldes x noite (pitfall). As amostragens foram realizadas no período de estiagem de julho a novembro de 2017, e julho de 2018. A diversidade de espécies variou entre áreas amostradas (ANOVA, F (5,18) =3,704; p= 0,01). Nossa hipótese de aspectos do pulso de inundação atuando como estruturador de comunidade de pequenos mamíferos foi parcialmente aceita, pois o tempo que as áreas permanecem inundadas influenciou a diversidade de espécies (R²= - 0,23; p =0,01), embora o nível de inundação não tenha demonstrado relação com a diversidade de espécies (R²= -0,04; p =0,88). Áreas que permanecem mais tempo inundadas apresentaram menor diversidade de espécies, e espécies de hábito escansorial foram favorecidas em nestes ambientes, com 61% do total de capturas. Somado ao pulso de inundação, áreas com vegetação mais estruturada demonstraram relação positiva com aumento diversidade de pequenos mamíferos, onde o DAP médio das árvores foi retido na explicação da diversidade de espécies, considerando menor valor de AICc (GLM;  0; Peso 0,62). A proporção de floresta e número de árvores não foram retidas na análise, embora os efeitos sobre a diversidade de espécies tenham sido relevantes observando o conjunto total da relação entre a variável resposta e as preditoras. Fatores abióticos como a inundação, e bióticos como a estrutura da vegetação são reportados em diferentes estudos como estruturantes da comunidade de pequenos mamíferos. Estudos apontam que o particionamento do uso do espaço vertical por pequenos mamíferos é importante para a estrutura de comunidade deste grupo. Possivelmente esses animais se refugiam durante todo o período de inundação no alto da vegetação, ampliando seu nicho espacial incluindo o solo apenas no período de estiagem. Nesta região de intensa alteração da vegetação nativa, a mata ripária atua na manutenção da conservação da biodiversidade local, favorecendo espécies de pequenos mamíferos de hábito escansorial.

Palavras-chave

guilda, Pantanal, marsupiais, roedores.

Financiamento

FAPEMAT - Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado de Mato Grosso - Edital em REDE nº 037/2016 

Área

Ecologia

Autores

Thatiane Martins Costa, Odair Diogo Silva, Vancleber Divino Silva Alves, Jessica Rhaiza Mudrek, Bruno Ramos Brum, Almério Câmara Gusmão, Claumir César Muniz, Dionei José da Silva, Manoel Santos-Filho