X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

RIQUEZA DE MORCEGOS E ECTOPARASITOS RESPONDE A COMPOSIÇÃO DA PAISAGEM DE DIFERENTES MANEIRAS?

Resumo

Fatores relacionados à paisagem e a incidência de ectoparasitos podem afetar a riqueza de morcegos, o que pode interferir no fitness dos indivíduos, afetando e desequilibrando a estrutura populacional, porém este processo é pouco compreendido. O objetivo deste estudo foi avaliar se a riqueza de morcegos frugívoros (Phyllostomidae) e seus ectoparasitos apresentam alguma relação com a composição da paisagem. Adicionalmente, foi testado se a riqueza de morcegos conjuntamente com a paisagem influenciou na riqueza de ectoparasitos. O presente estudo ocorreu no município de Monte Belo, Minas Gerais (21°24'41.66" S, 46°15'52.58" O) entre agosto de 2017 e setembro de 2018. Os morcegos foram capturados por 10 redes de neblina (12x2.5 m) em 10 pontos, sendo estes os centroides de paisagens com 1,5 km de raio. As capturas ocorreram duas vezes em estação seca e duas em chuvosa. Após a triagem e coleta de ectoparasitos, os morcegos foram anilhados e soltos no mesmo local. As porcentagens das classes mais representativa das paisagens foram mapeadas (mata, canavial, cafezal e pastagens). A relação da paisagem com a riqueza de morcegos e ectoparasitos foi testada por regressão linear. Para acessar a importância relativa dos elementos da paisagem e da riqueza de morcegos na riqueza de ectoparasitos, modelos lineares generalizados foram confrontados e, baseado no Critério de Informações Akaike da Segunda Ordem (AICc), o melhor modelo foi selecionado. Foram registradas 35 espécies de ectoparasitos (N = 1305) e 14 de morcegos (N = 655). A riqueza de morcegos apresentou relação negativa com a quantidade de mata (R2ajustado= 0.3598, df= 8, p= 0.03924), assim como a de ectoparasitos (R2ajustado= 0.3797, df= 8, p= 0.03411), que apresentou relação positiva com quantidade de pastagem (R2ajustado= 0.4321, df= 8, p= 0.02315). A riqueza de ectoparasitos não apresentou relação significativa com a riqueza de morcegos, sendo afetada somente pelas porcentagens de mata e pasto (ppasto = 0.0169, pmata = 0.0301, pSmorcegos = 0.0936 ). A riqueza morcegos foi menor em paisagens com maior porcentagem de mata, sem nenhuma relação com outras classes, o que pode indicar que morcegos frugívoros são resistentes a habitats alterados. Entretanto, morcegos são altamente móveis, e podem ficar mais dispersos em habitats maiores, dificultando a captura e resultando em menor riqueza. A riqueza de ectoparasitos diminuiu com o aumento da porcentagem de mata, o que possivelmente está relacionado à maior disponibilidade de abrigos temporários, pois parte do ciclo de vida dos parasitos ocorre nos abrigos, cuja maior disponibilidade dificulta o encontro com o hospedeiro. Entretanto, foi encontrada uma associação positiva com a porcentagem de pastagens, o que pode ter relação com a menor permeabilidade deste ambiente para morcegos, resultando no maior agrupamento destes nas matas, o que favorece a troca de parasitos. A riqueza de ectoparasitos respondeu a paisagem independentemente da riqueza de morcegos. Este estudo corrobora o fato de que os ectoparasitos podem responder às variáveis de forma diferente de seus hospedeiros, porém outras variáveis como as climáticas e especificidades locais também podem influenciar conjuntamente nas comunidades de ectoparasitos.

Palavras-chave

Chiroptera, Macronyssidae, Sarcoptidae, Spinturnicidae, Streblidae, Trombiculidae, Mata-Atlântica.

Financiamento

The Rufford Foundation, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  Brasil (CAPES)

Área

Ecologia

Autores

Rodrigo de Macêdo Mello, Rafael de Souza Laurindo, Lilith Conceição Silva, Marcela Venelli Pyles, Letícia Langsdorff Oliveira, Leopoldo Ferreira de Oliveira Bernardi, Wesley Dáttilo, Renato Gregorin