X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

EMPREGO DE METODOLOGIAS DISTINTAS REFLETIU EM ELEVADA DIVERSIDADE DE MORCEGOS NA MATA ATLÂNTICA

Resumo

Morcegos tropicais apresentam elevada riqueza em nível de espécie e táxons supra-específicos que é refletida em elevada diversidade ecomorfológica (p. ex., forma da asa e acuidade do sonar). Consequentemente, os morcegos usam os diversos hábitats e todo espaço tridimensional nas florestas tropicais, e estimativas robustas de diversidade taxonômica só são possíveis com o uso de metodologias complementares. O objetivo deste trabalho é estimar a riqueza de morcegos empregando diferentes metodologias e como estudo de caso, a comunidade da quiropterofauna no Parque Estadual do Rio Doce (MG). Para a amostragem dos morcegos, foram efetuadas 11 campanhas de campo, uma prospectiva e 10 amostrando oito sítios de captura. Em cada sítio foram utilizadas oito redes-de-neblina (ecotone© 12 x 2,5m) no sub-bosque e uma no dossel, e foram feitas buscas ativas aleatórias nos abrigos diurnos. Os dados de ultrassom foram obtidos durante três noites de amostragem usando o aparelho Batcorder (full spectrum, real time). Embora a riqueza tenha sido baseada em espécies, comparações gerais foram também abordadas em nível de família e no caso de Phyllostomidae, subfamília, refletindo os agrupamentos de guildas tróficas. Foram registradas um total de 53 espécies de morcegos distribuídas em cinco famílias: Molossidae (10), Emballunoridae (5), Thyropteridae (1), Vespertilionidae (9) e Phyllostomidae (28). O método de busca ativa resultou na maior riqueza observada (38), seguido de redes de dossel (22), sub-bosque (16) e ultrassom (10). A riqueza estimada por Jackknife 1, para uso de redes somente no sub-bosque foi de 15,8; quando somados os dados de dossel a estimativa é de 28,66; acrescentando busca ativa a estimativa sobre para 44,27, e finalmente empregando as quatro metodologias a riqueza estimada foi de 58,57. Thyropteridae foi amostrada apenas no sub-bosque enquanto Glyphonycterinae e Micronycterinae somente em busca ativa; Emballonuridae registrada somente com busca ativa e ultrassom, e os demais grupos foram registrados no mínimo por três métodos. Contudo, analisando níveis menos inclusivos há resultados interessantes: Molossidae foi bem distribuída, com quatro espécies em dossel e em ultrassom e seis em busca ativa. Stenodermatinae foi registrada em três métodos, com a maior riqueza e abundância em dossel. A maior contribuição para riqueza de Vespertilionidae foi busca ativa e ultrassom. Desmodontidae teve uma espécie exclusiva para sub-bosque e outra para dossel. Para a Mata Atlântica, historicamente as estimativas de diversidade de morcegos foram baseadas no uso de redes-de-neblina ao nível do solo, e mais recentemente, estudos pontuais empregam redes de dossel, uso de detectores de ultrassom ou buscas em abrigos, mas refletindo subestimativas consideráveis da riqueza local. Nosso estudo é o único que emprega quatro metodologias em um sítio de Mata Atlântica e corrobora a percepção de que o uso de redes-de-neblina no sub-bosque amostra de forma bastante incompleta a riqueza de morcegos e não permite uma compreensão holística sobre a quiropterofauna. O uso de métodos variados resultou em registros e dados biológicos de espécies consideradas raras além de descrições de duas novas espécies.

Palavras-chave

metodologia, morcegos, PERD, diversidade

Financiamento

FAPEMIG processos APQ 01451-11 e RDP 00079-18.

Área

Inventário de Espécies

Autores

Arthur Setsuo Tahara, Matheus Camargo Silva Mancini, Ana Beatriz Ligo, Renato Gregorin