X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPARANDO PADROES FILOGEOGRAFICOS EM TRES ESPECIES SIMPATRICAS DE RATOS-DE-ESPINHO (RODENTIA: ECHIMYIDAE: PROECHIMYS) DA AMAZONIA OCIDENTAL

Resumo

A Amazônia Ocidental é uma das áreas menos estudadas e mais diversificadas da região Neotropical e a história evolutiva dos elementos que a compõem ainda está longe de ser totalmente compreendida. A fim de contribuir com esse entendimento, nós estudamos a estruturação genética de três espécies simpátricas do gênero Proechimys nesta região: P. brevicauda, P. simonsi, e P. steerei. Essas espécies ocupam micro-hábitats diferentes (P. brevicauda e P. simonsi habitam florestas de terra-firme e P. steerei florestas de várzea). Desta forma, testamos duas hipóteses: (i) a estruturação genética em espécies simpátricas seria principalmente influenciada pela escala regional, apresentando os mesmos padrões filogeográficos devido à história comum do espaço geográfico; e (ii) a estruturação genética seria principalmente influenciada em escala local pelos diferentes micro-hábitats em que as espécies simpátricas habitam, apresentando assim padrões filogeográficos discordantes. Empregando a técnica de ddRAD-Sequencing nós identificamos polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) em 17 indivíduos de P. brevicauda (5.050 SNP), 20 de P. simonsi (4.629 SNP), e 15 de P. steerei (5.819 SNP). Estimamos a estruturação genética (Fst) para cada espécie e testamos qual modelo de diversificação explicaria melhor o padrão de diversidade genética: (i) isolamento por distância (IBD), usando teste de Mantel e análise de Procrustes; (ii) isolamento por ambiente (IBE) baseado em dados climáticos, empregando testes parciais de Mantel e análise de redundância baseada em distância (dbRDA); e (iii) isolamento por barreiras (IBB), por análise de variância molecular (AMOVA) agrupando as amostras de acordo com as áreas de endemismo, os paleoarcos estruturais, e as ecorregiões e por modelos de nicho ecológico (ENM) do presente e do passado para testar a presença de refúgios pleistocênicos. Cada espécie apresentou um padrão de estrutura genética diferente, com P. brevicauda tendo as populações mais estruturadas, seguidas por P. steerei com valores intermediários e P. simonsi com pouca estruturação. Os modelos de IBD e IBE por variáveis climáticas foram não-significativos ou explicaram pouco da variação genética das espécies. IBB explicou a maior parte da variação genética de P. brevicauda com áreas de endemismo e de P. steerei com paleoarcos estruturais, enquanto P. simonsi pela baixa divergência genética e talvez alto fluxo gênico entre as populações não apresentou nenhum padrão genético condizente com barreiras. Os ENM ao longo do tempo mostraram estabilidade das áreas de adequabilidade ambiental, sem a formação de refúgios. Dessa forma, rejeitamos a hipótese de que a escala regional moldou os padrões genéticos dessas espécies. Entretanto, cada espécie apresentou um padrão de estruturação diferente em que a heterogeneidade ambiental não foi considerada um bom preditor da diversidade genética, mostrando que em escala local os micro-hábitats também não foram importantes e refutando também a segunda hipótese. Dessa forma, a variação genética dessas espécies não parece estar ligada a diferenças ou semelhanças no ambiente ocupado. Outros fatores como diferenças filogenéticas, na história natural e em como essas espécies usam esses ambientes, podem estar afetando os padrões genéticos e precisam ser avaliados.


Palavras-chave

Biogeografia, Eumysopinae, genômica, isolamento por ambiente, isolamento por distância, Myocastorini, Procrustes.


Financiamento

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): 09/16009-1, 15/02853-6, 16/24464-4 e 16/20055-2.


Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Jeronymo Dalapicolla, Joyce Rodrigues Prado, Alexandre Reis Percequillo, L. Lacey Knowles