Dados do Trabalho
TÍTULO
ESTRUTURA DA ASSEMBLEIA DE PEQUENOS MAMÍFEROS EM UM AMBIENTE INSULAR NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
Resumo
A distribuição das espécies e estruturação das assembleias podem ser influenciadas por fatores abióticos e bióticos em diferentes escalas geográficas. Nossos objetivos foram avaliar (1) se a composição e a abundância de pequenos mamíferos na Ilha Grande diferem entre ambientes ripários e não ripários e (2) se a assembleia dos pequenos mamíferos está estruturada de acordo com a altitude e declividade das parcelas. O estudo foi desenvolvido no módulo leste do RAPELD na Ilha Grande. A ilha possui uma área de 193 km², coberto por Mata Atlântica num relevo bem acidentado com altitudes variando de 0 a 1031 m. As amostragens dos pequenos mamíferos foram realizadas em 17 parcelas de 250 m de extensão cada, sendo oito ripárias (RI) e nove de distribuição uniforme (DU). As parcelas DU seguem a curva de nível do terreno e distam 1 km entre si. As parcelas ripárias acompanham o corpo d’água, mas não possuem uma distância definida, localizando-se em corpos d’água distintos ou de ordens diferentes. Foram realizadas duas sessões em cada parcela e as armadilhas ficaram abertas por três noites consecutivas. Vinte-e-cinco armadilhas (Sherman e Tomahawk) foram abertas a cada 10 m e abertas ao nível do solo e no sub-bosque. Nós utilizamos o Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS) com distância Bray-Curtis para ordenar as parcelas segundo a composição e a abundância dos pequenos mamíferos. Os dois primeiros eixos do NMDS foram relacionados com altitude e declividade através de regressões múltiplas. Nós fizemos análise de covariancia (ANCOVA) entre o primeiro eixo do NMDS com a parcela (RI e DU) tendo como covariada a altitude ou a declividade. Com um esforço amostral de 2550 armadilhas-dia foram registradas nove espécies: Trinomys iheringi (N=115), Euryoryzomys russatus (N=30), Nectomys squamipes (N=15), Oxymycterus dasytrichus (N=4), Rhipidomys itoan (N=1), Phyllomys pattoni (N=1), Didelphis aurita (N=16), Marmosops incanus (N=4), Gracilinanus microtarsus (N=2). As parcelas variam em altitudes de 45 a 692 m e em declividade de 1,5 a 38 graus. O modelo da regressão múltipla com NMDS1 foi significativo, mas nem altitude e declividade explicaram a variação encontrada, revelando uma colinearidade entre elas. Já o modelo entre NMDS2 e a altitude e a declividade foi significativo (p=0.027) e tanto altitude quanto declividade explicaram uma porção adicional após retirado o efeito da outra variável. A ANCOVA mostrou que a composição e abundância dos pequenos mamíferos (NNMDS1) é afetada pela interação entre a parcela DU e a declividade. Os resultados mostram que a assembleia dos pequenos mamíferos é estruturada de acordo com a altitude em todas as parcelas e pela declividade nas parcelas DU. As parcelas mais altas são também as de maior declividade. Exceto por N. squamipes que foi capturado apenas em parcelas ripárias, nenhuma espécie parece estar restrita a uma faixa altitudinal, mas suas abundâncias variam. A Ilha Grande em seu passado apresentava fazendas nas regiões mais baixas, com criação de áreas de plantio. Desta forma, as áreas mais altas e com maior declividade foram preservadas, o que pode explicar a variação encontrada na assembleia de pequenos mamíferos.
Palavras-chave
Ambientes ripários, altitude, declive, RAPELD, marsupias, roedores
Área
Ecologia
Autores
Rodrigo Paulo Da Cunha Araújo, Maron Galliez, Helena Godoy Bergallo